Você acordou com o despertador do celular às 7h da manhã em seu ap nos Jardins, S. Paulo. Está de ressaca, na noite anterior bebeu além da conta e demora para se lembrar onde esteve e com quem exatamente. Então relaxe (ou entre em pânico): o mundo digital, o Google em especial, sabe exatamente onde você esteve e o que fez – e muito provavelmente foi marcado por uma amiga em uma foto no Insta. E você, sabe o que o Google sabe sobre você?
Primeiro vamos lembrar onde você esteve ontem. Se você tiver uma conta (perfil) no Google clique aqui e vá para a página “sobre mim” e, voilá, lá está você – os lugares onde esteve nos últimos anos e o que você andou pesquisando e registrando. O título da página é “Controle o que as pessoas veem sobre você” e traz dados sobre a sua educação, histórico profissional, gênero, aniversário e outros, sites e arquivo de álbuns. O Google é transparente e informa que o usuário pode ter um “resumo” dos dados e saber mais detalhes.
Isso mesmo, o Google mantém um registro de todos os seus passos, o que você pesquisou, serviços que você acessou e também do que você falou (ainda mais agora que os softwares de escuta e inteligência artificial captam dados). A formidável coleta sistemática e ordenada de seus registros acontece “para personalizar sua experiência e atualizar quais informações você compartilha com os amigos ou torna públicas”, de acordo com o Google.
Incrível, durante as nossas vidas as experiências se sucedem a uma velocidade maior que a nossa capacidade de armazenamento de informações – é como se o software (o cérebro) do hardware (o corpo) só consiga memorizar aquilo que realmente importa. É uma mão na roda. Muita gente sofre de MCP (memória de curto prazo) e tem dificuldade para reter quantidades de informação em períodos curtos – mas consegue se lembrar de “marcos” de suas vidas (MLP, memória de longo prazo).
E eis que surgiram os robôs como o Google para nos ajudar nesta tarefa. O Google foi fundado no final do século XX, em 4 de setembro de 1998 e foi nos últimos anos que esta área de captação, ordenamento e processamento de dados se desenvolveu. Tudo começou com um “motorzaço”, o tal “engine” de SEO (search engine optimization) que se transformou em um motor atômico poderosíssimo que tomou conta das nossas vidas, para o bem ou para o mal – e, vupt!, a memória das nossas vidas foi transferida para a nuvem.
Voltando à esta memória “externa”, o Google About Me.
Confira a área “Check-up de privicidade” que permite que o usuário veja tudo o que este robô maravilha salvou sobre as suas atividades nos sites e apps do Google que “está armazenando informações sobre contatos, agendas, apps, músicas e outros dados dos dispositivos na sua Conta do Google. Esses dados são usados para ajudar o Google a reconhecer itens como nomes de contatos no seu dispositivo e para outras melhorias, incluindo pesquisas e informações associadas, como a localização. Também salvamos outras atividades, como quais apps você usa, seu histórico do Chrome e os sites você visita na Web”. A página explica: “isso ajuda o Google a fornecer resultados mais rápidos com o preenchimento automático das pesquisas, bem como experiências mais inteligentes e úteis no Maps, Assistente e em outros serviços do Google”.
O histórico de localização é impressionante. Você consegue lembrar de onde você estava, digamos, há uma semana. É clicar em “gerenciar histórico de localização” e você vai saber quais os lugares que você visitou em “linha do tempo” (por ano, mês e dia), ao lado de um mapa do Google Maps.
O Google, e reproduzimos o texto da página, “cria um mapa particular dos lugares que você frequenta com seus dispositivos conectados, mesmo quando você não está usando um serviço específico do Google. Esse mapa só fica visível para você. Isso proporciona pesquisas aprimoradas de mapas e rotas de deslocamento diário, além de ajudar você a redescobrir os lugares em que esteve e as rotas percorridas”, veja abaixo um exemplo.

Tudo bem, você esqueceu algumas informações sobre contatos, agendas e apps que consultou no último mês. Beleza, vá até o item “informações do dispositivo” para saber os nomes das pessoas que você disse e em que data você esteve com elas.
O item “Atividade de voz e áudio” ajuda o Google a “oferecer experiências mais personalizadas … para entender melhor o que você diz para o Assistente”, que é o serviço de Assistente Pessoal do Google. Sabe porquê? Porque o Google grava a sua voz, mas somente quando você faz as ativações de áudio. O robô aprende com você, sabe qual é a sua voz e como você diz palavras e frases.
Você não lembra daquele vídeo irado que assistiu no YouTube? Sem stress, é só consultar o “histórico de exibição no YouTube” que você vai lembrar o nome, o link e quando o assistiu.
Para quem viaja muito, o Google traz uma funcionalidade interessante, o “Reservas”, que apresenta as reservas futuras e passadas de vôos, hotéis e eventos.
É importante dizer que todos estes recursos podem ser gerenciados pelo usuário, que pode ativar (dar um opt-in) ou desabilitar estes recursos. E se você quiser usar os seus dados com outra conta ou serviço, é possível fazer o download dos seus dados. Afinal, como determina as regras do LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) os dados gerados pelo usuário são do próprio usuário.
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