Ainda que apenas por um dia, hoje, dia 6, a camiseta do Corinthians terá uma imagem especial , a estrela de Davi. Os torcedores poderão percebê-la durante o jogo contra o Fortaleza pelo Campeonato Brasileiro. A ação combinada entre o time, o Museu do Holocausto e a agência Tech and Soul, tem por objetivo lembrar a Noite dos Cristais.
Aqui no Jornal 140 temos observado que os posts que mais polarizam, chamam a atenção e movimentam os ponteiros dos likes e views são provenientes da área política, futebol e celebridades, ou seja, fofoca. Chama a atenção que o Corinthians tenha utilizado a sua imensa plataforma para chamar a atenção dos brasileiros para este assunto, para lembrar a história.
Põe brasileiro nisso. O Corinthians tem a segunda maior torcida de futebol do país, segundo pesquisa do DataFolha de setembro deste ano – 14% dos torcedores brasileiros (o primeiro é o Flamengo, com 20%, e logo em seguida aparecem o São Paulo, com 8%, Palmeiras, com 6%, seguidos de Vasco, Cruzeiro e Grêmio, com 4%).
A religião e o esporte são universos repletos de simbologia. O símbolo traz significados que nos convidam a reflexões sobre o que fazemos individualmente e o nosso papel e responsabilidade na sociedade. E, mais do que isso, são elementos de conexão e transcendência porque um objeto, o símbolo, nos obriga a refletir sobre o mundo exterior e entender a dualidade entre o interno (a consciência sensível) e o externo (a experiência do mundo).
No dia 9 de novembro de 2019, milícias paramilitares alemãs conhecidas como SA (Sturmabteilung, “destacamento tempestade”) em conjunto com adolescentes da juventude hitlerista, atacaram estabelecimentos comerciais, sinagogas e residências de judeus tendo como pretexto o assassinato do diplomata alemão Ernst vom Rath por Herschel Grynspam. É considerada o início do Holocausto porque recebeu a aprovação tácita e imediata dos governantes da Alemanha, liderado por Adolf Hitler.
Foi uma noite de barbárie e caos na até então civilizada Europa. A selvageria começou em Berlim e se estendeu por toda a Alemanha, Áustria e Checoslováquia tendo um total macabro de 91 judeus mortos, 267 sinagogas destruídas, 7.000 lojas e 29 edifícios depredados e detenção de 30 mil judeus em campos de concentração. A Noite dos Cristais (Kristallnacht, em alemão) recebeu também vários outros nomes como “Noite dos Vidros Quebrados” ou “Pogroms de Novembro” (pogrom é uma palavra ídiche que significa perseguição religiosa aprovado pelo estado), por causa dos cacos de vidros que se espalharam pelas cidades.
Foi a partir desta noite fatídica que os judeus de toda a Alemanha foram obrigados a estampar em suas roupas, casas e lojas, a estrela de Davi, como se fossem leprosos ou seres a serem evitados. A antítese da diversidade, a ojeriza ao estranho, ao estrangeiro e ao diferente.
Eu, como são-paulino e profissional de comunicação e marketing, elogio a postura e utilização da plataforma corintiana, golaço do diretor responsável pela brilhante ideia. Genial.