Se eu soubesse que produzir um jornal diário desse tanto trabalho … Há um ano, recebi a ligação do Rafael Sartori que me desafiou: vocês produzem muitos (e bons, segundo ele) conteúdos originais para os sites da Art Presse e da 140 Online, duas de nossas agências de comunicação e marketing digital. Por que não pensar em criar um veículo próprio?
Após 20 anos de experiência em tecnologia e operações de negócios no Brasil e exterior, Rafael se especializou em hacking de crescimento no mundo digital, ao abrir a sua ZionLab. Fomos apresentados por um profissional em comum, um dos maiores especialistas em rede no Brasil, Arlindo Marcon da Ocean Consultoria. Já havíamos produzido alguns sites e trabalhos em conjunto, principalmente em nossas propriedades digitais, com grande êxito.
A ideia de produzir um jornal era atraente, mesmo não contando com recursos significativos de investimentos e principalmente o mais valioso e escasso deles – o tempo. Além disso, qual seria o nosso diferencial, quando já havia tantos veículos bons e especializados como o Hypeness, B9, Projeto Draft, UpDate or Die (sem citar Vice, Huffington Post…porque aí seria covardia, né?)?
Até que um dia eu me questionei sobre os impactos que a chegada de uma nova mentalidade de ver e fazer as coisas, combinada com a tecnologia, estava causando em todos os modelos de negócio. Seguir nesta linha editorial fazia sentido para o Jornal 140. Em um primeiro momento, ficou claro a todos que esta combinação perversa (já explico) é destruidora de valores. Vários são os exemplos que ilustram essa questão:
Bancos: alguém duvida que a chegada das Fintechs obrigarão os bancos a se transformarem (veja a quantidade de agências físicas que estão sendo fechadas). Isto não é destruição de um valor que nos “acostumamos” a aceitar?
Automóveis: a chegada de apps como Uber, 99 táxis e Cabify mudaram a maneira com que nos deslocamos nas cidades. Quando houver carros autônomos, sem motoristas (outra destruição de valores e de empregos), haverá a necessidade de cada um ter um automóvel? Aliás, hoje já não existe mais e a pergunta que se faz é: como ficarão as montadoras? Elas serão utilizadas apenas pelas empresas como Uber?
E-commerce: as lojas online estão substituindo as lojas físicas. As pessoas querem conveniência, facilidade, flexibilidade e preço. Mais uma destruição de valores: saia às ruas, em qualquer grande centro do mundo e veja um cenário desolador de lojas fechadas.
Incorporadoras: as pessoas não querem mais viver em grandes casas e apartamentos, querem espaços menores, com instalações como academia, piscina, lavanderia e cozinhas compartilhadas. Vão dormir em quartos grandes e morar em prédios com estas características – veja o caso de empresas como a Vitacon, que mudou a maneira com que as incorporadoras sempre agiram.
Por sorte, a combinação dos fatores nova mentalidade/tecnologia está criando novos valores, bem como novos empregos e um mundo mais conveniente. Foi com este propósito que criamos o Jornal 140. Tentar penetrar neste mundo polarizado e colérico, entender como comunicar e entender modelos de negócios e mudança de comportamento.
Sinceramente não sabia que daria tanto trabalho. Ainda que o tenhamos lançado como um laboratório de experiência de produção de conteúdo, propomos o desafio de produzir um conteúdo original por dia, chova ou faça sol. Desde então, o nosso coletivo tracionou.
Momentos marcantes
A chegada da Êrica Blanc trouxe novos ares na área de entretenimento. A editoria impulsionada por ela é hoje a maior do Jornal 140 e tem nos propiciado bons momentos e aprendizados. O outro foi o nosso debut no universo dos Podcasts. A presença saborosa da Guta Chaves nos incentivou a combinar digital com gastronomia – assim criamos a Panela Digital, uma seção de áudios e conteúdos com este foco, sempre em uma perspectiva de entender as mudanças de comportamento do estômago e das mentes deste mundo.
O Diabo do clique
Foram vários os momentos que fomos tentados pela sedução do clique. Assuntos ligados à política, por exemplo, grandes iscas para atração de trafego e engajamento (leia-se também haters e polarização). Não nos arredamos um milímetro sequer de nosso propósito de não interferir ou palpitar em relação a este ou aquele político. Nos restringimos apenas em analisar os números digitais dos envolvidos, como do ex-presidente Lula e do atual Jair Bolsonaro. Acertamos, erramos? (aliás aproveito para agradecer a parceria com a consultoria BITES, cujo sócio Manoel Fernandes, um dos maiores especialistas no caos digital, sempre nos apóia).
Campeões de Audiência
As cinco matérias mais lidas até hoje foram, pela ordem, “O fenômeno Hikkikomori, os eremitas do século 21”, de Sergio Kulpas, “Um remédio chamado Cannabis”, de minha autoria, “Área 51: você está pronto para a invasão Naruto?”, de Rafael Sartori, “Investigação criminal: 7 séries na Netflix para acompanhar”, de Êrica Blanc e “O lado oculto da Lua”, de Rafael Sartori.
PS.: Agradecimentos e parabéns pra você!
Vão aqui os nossos agradecimentos ao membros deste coletivo raivoso, que se propõe a entender e discutir o mundo em transformação, com humildade e deferência aos nossos inteligentes leitores:
Ana Lu Tanaka (Comportamento); Bruno Creste (Produtor Audiovisual); Caio Bogos (Estilo de Vida); Diego Catto (Fotógrafo); Êrica Blanc (Entretenimento); Euriale Voidela (Customer Experience); Gabriela Yaroslavsky, (Design); Guta Chaves (Gastronomia); Helenilson Pontes (Lei & Ordem); Isabel Franchon (Coach); Janaína Corteze (Educação); Jéssica Patrine (Entretenimento); João Perez (Negócios); Jorge Massarollo (Entretenimento); Julie Damame (Universo Feminino) ; Lai Dantas (Marketing); Lucas Gonçalves (Marketing); Marcos Bidart (Negócios); Michel Passos (Finanças); Paula Akkari (Saúde & Estilo de Vida); Paulo Gustavo Pereira (Entretenimento); Rafael Delgado (Saúde & Estilo de Vida); Raissa Fernanda (Estilo de Vida); Rodrigo Sassi (Tecnologia); Sergio Kulpas (Estilo de Vida); Tatiana Perez (Negócios) e Vanessa Souza (Lei & ordem).
Aliás, aproveito para dar aqui as boas-vindas aos novos “coletivinistas” Clara Ribeiro (Entretenimento), Helena Trevisan (Cultura), Michelle Rocha (Moda), Tennyson Rezende (Negócios) e Roberto Cecato, um dos maiores nomes da fotografia brasileira.
Agradeço também outras pessoas que já estiveram por aqui e enviaram textos inteligentes e provocativos como Aline Moreno, Bruna Maldonado, Claudio Cardoso, Danielle Feltrin, Felipe Fusso Moro, Jaime Troiano, Marco Darvas, Mariana Rodrigues, Oswaldo Pepe (meu sócio na Art Presse/140 Online, que sempre me apóia), Nira Worcman (pelas dicas sempre inteligentes), Rodrigo Lanari, Thais Santana, Vanessa Rocha (uma revisora feroz de textos e ideias) e tantos outros. Além de Riccardo Rossi e Marina Brito, da Pop Filmes, autores de alguns dos vídeos aqui apresentados.
E, claro, termino sem palavras para definir a energia e dedicação do Rafael Sartori, uma das pessoas mais apaixonadas pela comunicação que já conheci, mesmo nos momentos pessoais mais difíceis e desafiadores, o verdadeiro pilar do Jornal 140, que certamente não existiria sem a sua permanente busca pela inovação.
Para finalizar, obrigado a você que nos acompanha há muito tempo e que participa muito ativamente das nossas provocações aqui e nas redes sociais.
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