Não sei se todos me conhecem, portanto, acho legal uma breve apresentação. Me chamo Caio Bogos, tenho 24 anos e estou no último ano de Sistemas de Informação. No começo do 2019, juntamente com alguns amigos, fundei a Puzzle, uma plataforma para ajudar as pessoas que lidam com crianças com autismo. Essa plataforma irá entrar em fase de testes no mês que vem.
No fim do ano passado, juntamente com a Joyce Rocha (a minha sócia na Puzzle), fundamos a iniciativa Autismo Tech. Essa iniciativa busca levantar grupos de discussão, a fim de conversarmos sobre o autismo, tecnologia, design e comunidade.
A partir dessa iniciativa, surgiu a oportunidade de organizarmos o nosso primeiro Meetup. As discussões deste 1º meetup, como não poderia deixar de ser, abrangeram temas como contexto geral sobre o autismo, mercado de trabalho e tecnologia para autistas e design acessível. Esse Meetup ocorreu no dia 05/12/2019, na FIAP Aclimação. Nesse breve artigo, gostaria de focar em três pontos principais: Inclusão, tecnologia e design.
Adaptações Necessárias
Durante todo o planejamento do evento, eu e a Joyce pensamos em formas de adaptar o espaço, a fim de receber o máximo de pessoas possível. Uma das primeiras das nossas iniciativas foi mandar um questionário para as pessoas que se inscreviam no evento. O porquê desse questionário? Bom, ele foi importante para entendermos melhor qual seria o nosso público e quais eram as suas necessidades.
A lição que tiramos disso é: Perguntar não ofende. Somente perguntando é que conseguimos ter uma visão geral do público e, com base nisso, começar a pensar em soluções para tornar o grupo mais inclusivo possível.
O nosso 1º meetup teve um percentual expressivo de inscrições de autistas e pessoas com deficiência. Isso já mostra que a comunidade está ativa e busca discussões sobre o tema.
Aqui vão algumas adaptações que fizemos no evento, a fim de deixá-lo mais inclusivo:
- Retirada de algumas luzes do ambiente, a fim de não agredir as pessoas com uma sensibilidade maior a luz;
- Compra de abafadores de ouvido, pensando que algumas pessoas podem se sentir desconfortáveis com os possíveis barulhos do ambiente;
- Contratação de dois intérpretes de libras;
- Solicitação que as palmas sejam feitas apenas ao final do evento.
Com essas soluções simples, conseguimos incluir as mais diversas pessoas no evento. Isso mostra que, às vezes, não são necessárias grandes adaptações no espaço. Apenas faça!
Tecnologia e Autismo
Antes de entrar nos aspectos tecnológicos, é importante frisar a necessidade de nos cercar de especialistas no assunto. No meetup tivemos a presença da Dra. Elise Lisboa. Essa participação foi muito importante para contextualizar sobre alguns aspectos do autismo e, principalmente, abrir a nossa cabeça sobre o que é efetivamente o Autismo, quais as formas de diagnóstico e quais as ações a serem tomadas. Toda essa contextualização foi super útil para entrarmos no tema da tecnologia em si.
A tecnologia e como ela pode ajudar a comunidade com autismo, foi um dos aspectos mais importantes deste meetup. É imprescindível destacar as participações do Eraldo Guerra, CEO e fundador da CanGame, um aplicativo focado nas pessoas com autismo. Além disso, durante essas discussões, chegamos a conclusão de que não faz sentido “tecnologia por tecnologia”. O que faz sentido é nós utilizarmos a tecnologia com o propósito de ajudar o máximo de pessoas possível.
É isso que o Eraldo se propõe com a CanGame e é isso que eu e a Joyce propomos com a Puzzle. Sempre é necessário ter o fator humano na jogada!
Design
O último ponto que eu gostaria de destacar deste meetup é a parte do Design acessível. Tivemos uma palestra da excelente Talita Pagani – UX Designer e mestre em ciência da computação. Através dela tivemos um panorama muito interessante sobre como construir interfaces web acessíveis para pessoas com autismo.
Pensar nesses pontos é extremamente essencial. Afinal, vivemos em um mundo cada vez mais conectado e integrado. Pensar em soluções desse tipo, na minha opinião, é um dever das pessoas, pois a internet precisa ser o mais inclusiva possível.
Aqui fica o contato da Talita: http://talitapagani.com/
Fomentar a comunidade
Como disse acima, criamos a AutismoTech para movimentar a comunidade e buscar soluções para as pessoas com autismo. E, já no nosso primeiro meetup, conseguimos um bom resultado.
Para esse ano, estamos planejando a execução de um Hackathon focado em desenvolver soluções para as pessoas com autismo. O diferencial desse Hackathon é a inclusão das próprias pessoas com autismo nos grupos, pois, quem melhor do que o próprio autista para pensar em soluções que irão ajudá-lo? Isso nos lembra da necessidade de colocar o autista no centro! Sempre.
Em breve iremos divulgar mais informações sobre o Hacka. Por ora, podem acessar o site da iniciativa: http://autismotech.com/
Agradecimentos
Bom, essa iniciativa não seria possível sem o apoio de alguns parceiros e amigos. Primeiramente, gostaria de destacar a atuação do Guilherme Estevão, Head da FIAP. Há algum tempo, o Guilherme tem sido essencial para as nossas iniciativas (Puzzle, AutismoTech, etc).
Não poderia deixar de agradecer também os palestrantes que toparam participar desse 1º meetup:
- Amanda Rabelo e Thaysa Torres – Designers no Comitê Paraolímpico Brasileiro;
- Dra. Elise Lisboa – Doutora em Psicologia e dedicada ao desenvolvimento humano;
- Eraldo Guerra – Mestre em Engenharia de Software e fundador da CanGame;
- Talita Pagani – Especialista de UX e acessibilidade web;
Além disso, não poderia deixar de agradecer muito minha sócia – Joyce Rocha – pela parceria e amizade.
Enfim, vamos juntos construir soluções!
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