No dia 15 de setembro de 2017, o escritor Valter Hugo Mãe publicou em seu Facebook a seguinte afirmação: “Antes de ler, a bênção de todo o conhecimento ser possível. Em alguns minutos, posso não ter regresso de uma pessoa subitamente nova.”
É caro seu apontamento de que as leituras, tão plurais em gêneros, são, além de formas de entretenimento, ferramentas de formação e enriquecimento pessoal.
Tal afirmação deveria ser uma obviedade, entretanto, na atual conjuntura, é uma fala condenável: o governo desestimula saberes como os da leitura, seus seguidores sugerem que livros são “esquerdismos”. 6,8% da população brasileira é analfabeta, e o método de ensino de adultos mais eficiente e é considerado “comunista”. Uma ilustração risível deste desserviço quanto ao tema é a fala de Jair Bolsonaro, no dia 03/01/2020, sobre livros didáticos: “os livros hoje em dia, como regra, é um amontoado… Muita coisa escrita, tem que suavizar aquilo.”.
A recusa da leitura não é em todos os casos justificável por alienação devido ao contexto ao qual o sujeito está inserido. Logo, vale ressaltar que ler não é “marxismo cultural”. Seus benefícios não são ideológicos ou moralistas.
Eis cinco consequências que ler propicia:
- Promoção saúde cerebral: A Universidade Emory considera que a leitura atua como uma atividade física mental que afeta principalmente a memória. Como exemplo, o hábito de previne demências, entre elas, o Mal de Alzheimer;
- Aumento da capacidade de foco: Diferente de atividades de possível realização enquanto outra é simultaneamente executada, ler é uma atividade que exige concentração. Assim, essa maneira de agir será treinada e transposta para tarefas nas quais atenção é condição para produtividade e qualidade;
- Enriquecimento linguístico: Ler é uma forma leve de expandir o vocabulário e aprender as regras gramaticais e semânticas. Tais conhecimentos são úteis em qualquer situação de comunicação verbal;
- Melhora da qualidade do sono: A leitura é uma das atividades indicadas tanto para higiene de sono quanto ocupação durante a insônia – principalmente sob luz amarela e em um ambiente diferente do no qual o sujeito dorme;
- Promoção de empatia: Ler é contatar cosmos e sentimentos inimagináveis, por vezes, a única maneira de conhecê-los;
Por fim, se há vontade de início ou fortalecimento do hábito de ler, seguem 10 dicas para tal:
- Leia o que você gosta, não o que você consideraria interessante apreciar. Se não haver prazer ou recompensa imediata, será mais difícil que o hábito faça sentido a curto prazo
Se você não sabe do que gosta, experimente o máximo de gêneros e estilos possíveis; - Também descubra onde você gosta de ler, se é em casa, em um lugar aberto ou em locais onde há trânsito de pessoas;
- Encaixe o momento da leitura perto do de uma atividade já estabelecida, como depois de almoçar ou antes de dormir;
- Estipule um tempo crescente para dedicar-se, não uma meta de páginas ou capítulos. A quantidade de leitura não diz sobre a absorção de seu conteúdo;
- Fique longe do celular. O ter em vista já é um fator de desconcentração;
- Procure pessoas com quem possa conversar sobre as leituras indicar outras;
- Pesquise bibliotecas, sebos ou interessados em trocas. Comprar livros novos não é a única alternativa, tampouco a mais inclusiva;
- Desconsidere comentários que desvalorizem seu interesse;
- Comemore cada passo.