Aquela antiga crença de que ‘o lugar da mulher é em casa e do homem no trabalho’ persiste na cabeça da população mundial até hoje e mais forte do que imaginamos. Recentemente a ONU divulgou uma pesquisa realizada com 75 países, representando 80% da população global, que afirma que 90% das pessoas têm preconceito contra as mulheres. Sendo assim, 9 a cada 10 pessoas. Preconceitos supondo que os homens são melhores políticos e líderes de negócios, que ir à universidade é mais importante para os homens e que eles deveriam ter tratamento preferencial em mercados de trabalho competitivos. O Brasil é um dos piores países da América Latina, chegando a 89,50%.
Até então essa é uma luta de décadas e não é novidade que existe desigualdade, mas o que surpreende são os números citados e que essa estatística engloba a opinião das mulheres sobre elas mesmas. Quero chamar a atenção sobre a gravidade da situação mesmo nos dias ‘modernos’ de hoje. Não enfrentamos barreiras invisíveis, mas muralhas!
Liderança feminina: outros dados mostram o contrário
Estudos e pesquisas de instituições e companhias como Organização Internacional do Trabalho (OIT), Onu Mulheres, Insper, Movimento Mulher 360 e muitas outras, revelam que mulheres em cargo de liderança trazem aumento no lucro e produtividade para as organizações, contribuem no aumento da economia e quanto mais igualdade de gênero, mais resultado. Por isso, em palestras sobre liderança feminina muitas vezes faço perguntas como: então por que as mulheres ocupam apenas 13% dos cargos de liderança nas 500 maiores empresas do Brasil? Dado do Instituto Ethos. Estamos falando de um cenário onde a população é praticamente 50% homem, 50% mulher. E reforço principalmente o ponto da retomada da autoconfiança da mulher, junto aos vieses inconscientes mais comuns, algumas das ‘barreiras invisíveis’.
Concordo e defendo que para transformarmos esse cenário é necessário investir na educação e promover mudança de comportamento. Podemos apoiar causas e fazer campanhas a favor da igualdade, mas o primeiro passo – de novo – é a tomada de consciência e a realização de uma mudança interna. Além disso, aproveito para lembrar a importância de praticar o estado de presença e sair do piloto automático. Por exemplo, todos nós acreditamos em algo, temos nossas crenças, mas muitas vezes não paramos para nos questionar e pensar de onde elas surgiram. Quais são os vieses inconscientes enraizados desde a nossa infância que determinam a forma como agimos, julgamos e interpretamos o mundo. Escrevi um texto que fala apenas de vieses e como eles interferem nas nossas ações aqui.
Podem achar esse tema batido, mas a minha intenção é exatamente ajudar a difundir essas informações e gerar mais provocações. Tema batido para mim é tema resolvido e pelos dados atuais mostrados ainda estamos longe do luxo de deixarmos ele de lado.
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