Não importa o quanto a tecnologia avance, nós seres humanos somos e sempre seremos seres extremamente sociáveis. Não é à toa que estudos apontam que 90% dos nossos pensamentos são relacionados direta ou indiretamente à outras pessoas. Que mudanças ocorreram em nossa “torre de comando” tendo que enfrentar dias e dias dentro de casa devido à pandemia?
Certamente teremos algumas chaves viradas no nosso cérebro, entre elas a maneira como nos comunicamos, o valor que daremos ao contato cara a cara, a maneira de enxergar o outro e principalmente a importância que damos à nossa higiene pessoal.
É nítido que a nossa higiene nunca mais será a mesma, pois nem todos tinham o costume de lavar as mãos frequentemente como temos que fazer agora, e muito menos de utilizar o álcool em gel diariamente. Pelo contrário, não existia nada mais normal do que ver alguém esfregando os olhos, tocando a própria boca (em um bocejo por exemplo) ou dando aquela coçadinha no nariz.
Pois é, agora temos pavor de fazer qualquer um destes simples gestos que antes pareciam tão comuns. Estamos coletivamente desenvolvendo novos hábitos de limpeza pessoal e diversos estudos já provaram que após 21 dias executando uma mesma tarefa, aquela atividade acaba se tornando um hábito. Então é bem provável que a partir de agora, fazer qualquer um desses movimentos sem se certificar que as mãos estão realmente limpas será um grande incomodo pro nosso cérebro.
Mudanças ocorreram também nas questões funcionais dos nossos neurônios, segundo o professor André Souza, Doutor em Psicologia Cognitiva e Neurociências pela Universidade do Texas: “Tudo o que falamos, por exemplo, é resultado da comunicação que nossos neurônios estabelecem entre si na área do cérebro destinada à fala. E assim funciona também com a emoção. Quando a gente se isola totalmente, há perdas destas conexões [na área da emoção]. (…) E aí, uma proteína que é produzida pelo nosso cérebro pode acabar com o neurônio que não está sendo utilizado”.
Apesar de todos os malefícios que o isolamento em quarentena podem trazer para nossa saúde, colocado na balança neste período de crise viral, é menos prejudicial do que a propagação do novo coronavírus, por isso, destaco que segundos projeções da crise se saúde atual, as principais autoridades de saúde recomendam o isolamento social.
É indispensável que você estimule seu cérebro de diversas maneiras durante este período. Estamos isolados fisicamente porém podemos usar a tecnologia à nosso favor para manter contato com nosso amigos e familiares, faça chamadas de vídeo, converse, brinque, exercite seu corpo, alimente-se bem. Faça o uso inteligente dos seus meios de comunicação digitais. Neste momento é importante socializar, mesmo que apenas virtualmente.
Vale ressaltar que você deve sempre que possível conversar com outras pessoas e caso você estiver morando sozinho durante este triste período de isolamento social, use a tecnologia à seu favor para manter contato diário com seus familiares e amigos. Uma pesquisa divulgada no jornal The New York Times afirma que: Os malefícios da solidão crônica é tão prejudicial quanto fumar 15 cigarros por dia. Dado a gravidade do assunto O Reino Unido criou em seu governo “Ministério da Solidão” para tratar de pessoas que enfrentam este problema.
Ainda é cedo para identificar todas as mudanças que ocorreram em nosso cérebro após passar pelo grande estresse e ansiedade que a pandemia do novo corona vírus trouxe para o dia a dia de todos nós. Quem sabe nos tornaremos mais precavidos, talvez mais bem preparados para situações parecidas no futuro. Certamente alguns atos de afeto como um beijo e um abraço se tornaram muito mais valiosos. Não sabemos ao certo o que o futuro nos reserva, mas de uma coisa temos certeza: nós nunca mais seremos os mesmos.
Referências:
The New York Times:
https://www.nytimes.com/2018/01/17/world/europe/uk-britain-loneliness.html
Ministério da Saúde:
Reportagem G1: