Elvis Presley viveu por apenas 42 anos e faleceu há mais tempo que isso. Mesmo quatro décadas após sua morte, seus diversos estilos inovadores e fases se mantém presentes e atuais nas nossas vidas.
Durante sua vida, Elvis Presley apareceu em 31 filmes, gravou 784 canções, se apresentou em 1684 shows, revolucionou a indústria da música e do cinema, artística e tecnologicamente, e foi considerado o Rei do Rock. Com seu topete brilhante e suas roupas chamativas, quaisquer que fossem, seus estilos sempre luminosos estão presentes na música, nos filmes, na arte do entretenimento, e até na moda. Mas não foi sem grandes dificuldades na vida e uma grande quantidade de esforços em suas diversas fases que Elvis Presley chegou a esse nível de sucesso presente antes e depois de sua morte.
Fase dos trajes simples
Nascido em 8 de janeiro de 1935 em um contexto regional, social e economicamente pobre na cidade de Tupelo no estado sulista do Mississipi, interior dos Estados Unidos, Elvis Aaron Presley, junto de seus pais, enfrentou diversas adversidades logo no início de sua vida e que se estenderam durante boa parte dela.
Em seu nascimento, Elvis perdera seu irmão gêmeo, Jessie Garon, nascido morto durante o parto. Perdera por um longo tempo seu pai, Vernon, preso pela acusação de falsificar um cheque, e perdera também diversas moradias devido à dificuldade financeira da família e de todo o estado do Mississipi, e ao surto de tornados chamado Tupelo-Gainesville que atingiu a região em abril de 1936.
Aos 13 anos de idade, sua família se mudou para Memphis no Tennessee em busca de melhores condições. Elvis cresceu aumentando o seu gosto musical por meio do fervor cultural, majoritariamente influenciado pela cultura negra, que se desenvolvia naquela cidade, contrariando todas as críticas durante a época de segregação racial.
Com o passar do tempo nessa crescente evolução e movimentação racial, social e cultural, Elvis, após se formar no colégio, vai até o, hoje lendário, Sun Studio de Sam Phillips que também administrava a Sun Records, para fazer uma simples gravação que daria de presente para sua mãe.
Após isso, em julho 1954, com apenas 19 anos de idade e trabalhando dirigindo um caminhão e prestando serviços para uma companhia elétrica, Elvis é chamado novamente ao Sun Studio. Passando por frustradas e ansiosas tentativas de produzir um bom disco com o jovem, acompanhado por Scotty Moore e Bill Black, em um momento em que todos se preparavam para ir embora, durante uma certa descontração musical de Elvis, a história da música começara a mudar para sempre.
A partir de sua originalidade e paixão pela música, gravando sua apaixonante versão da canção “That’s All Right (Mama)”, que logo foi transmitida incessantemente nas rádios pela adoração dos ouvintes, Elvis e sua banda, iniciaram um ritmo frenético de viagens apertadas de carro, dirigindo por todo o estado durante muitos meses e buscando apresentações que alavancassem suas carreiras. Com muito trabalho duro e noites sem dormir, o status que eles alcançariam, ninguém imaginaria antes.
Fase do terno dourado
Assinando um exclusivo contrato com seu novo gerente, Coronel Tom Parker, Elvis, um pobre rapaz do Sul, fã de gospel e que só conhecia o verdadeiro amor por sua mãe e pela música, chegou ao amor de todo o seu gigantesco público por meio do contrato, sem precedentes para um artista na época, de 35 mil dólares com um bônus de 5 mil para Elvis, que assinara em 1955 com a RCA Records, hoje uma aquisição da Sony.
Com esse novo estúdio e esse novo gerente exclusivo, o mundo da televisão e do cinema foi oficialmente apresentado ao Elvis Presley, bem como ele próprio foi introduzido a uma fama que jamais o deixou. Vendendo 1 milhão de cópias de sua canção “Heartbreak Hotel”, a primeira música alcançar esse número, e fazendo apresentações nos shows de TV “Stage Show” dos irmãos Dorsey, “The Milton Berle Show”, “The Steve Allen Show”, Elvis também chegou a se apresentar no “The Ed Sullivan Show”, a maior audiência em um programa de televisão nacional da época e que também exibiu Michael Jackson em sua fase no “The Jackson 5”.
Elvis realizou seu sonho e virou ator de cinema, iniciando a gravação do primeiro de seus 31 filmes, “Love Me Tender”, lançado em 1956. No mesmo ano, participou do espetáculo Mississippi-Alabama Fair, na data em que a cidade de Tupelo proclama o dia 26 de setembro como o “Elvis Presley Day”.
Não são em todas essas ocasiões que o rei do rock usa seu famoso terno dourado, mas além das apresentações em que ele foi usado, o traje representa o luxo e todo o sucesso e a onda de fama e energia juvenil que Elvis sentira e disseminava para os jovens e adultos da época que integravam seu número crescente de fãs, ainda que com restrições dos mais conservadores.
Com um começo humilde e trabalhador, o jovem de topete conquistou roupas chamativas e carros coloridos que refletiam a alegria e energia do garoto que nasceu pobre e privado de muitos bens e situações. Contudo, da mesma forma que realizava seus desejos, Elvis lembrava das dificuldades da vida e não queria de forma alguma que sua família voltasse a senti-las, e nem os conhecidos e desconhecidos que passavam pelo seu caminho.
Elvis fez diversos shows beneficentes, doava enormes quantias para fundações e comprava Cadillacs, um de seus carros preferidos, para as pessoas que via admirando esses automóveis nas lojas. O garoto pobre do Sul enriqueceu sua generosidade para com os outros da mesma forma que enriqueceu suas contas por meio dos incansáveis trabalhos musicais e cinematográficos que realizava, o que permitiu a compra da Mansão Graceland, em 1957, para morar com seus pais e sua avó paterna.
Fase do uniforme verde
Em março de 1958, Elvis entra para o Exército dos Estados Unidos, mesmo sem nenhuma guerra ocorrendo. Milionário e famoso no país inteiro e em alguns lugares fora dele, o rei do rock, sob conselhos de seu empresário, Coronel Tom Parker, entra para a corporação e é enviado para a Alemanha, decepcionando uma onda de fãs que veriam o rei ter cortado seu cabelo e que ficariam um grande período sem seu ídolo pessoalmente, mas não artificialmente.
Como estratégia do Coronel, houve o lançamento contínuo e programado de álbuns e discos de Elvis gravados com antecedência para manter viva a atenção de seu público enquanto o jovem estava fora do país e isolado profissionalmente da música.
Durante esse período, afastado da carreira musical e sem nenhum privilégio ou favor, Elvis serviu com empenho e distinção chegando a atingir o posto de sargento.
Foi durante sua fase no exército que Elvis perdeu sua mãe, Gladys, acometida por uma hepatite aguda (provavelmente medicamentosa). Gladys se mostrava abatida há um bom tempo e chateada com sua própria aparência diante das fotografias com o filho famoso. O relacionamento amoroso entre mãe e filho quebrado e perdido por essa tragédia abatia e mudara grande parte do estilo de Elvis para sempre.
Nesse mesmo período, Elvis conheceu a jovem Priscilla Beaulieu, com quem ele logo se envolveria em uma profunda paixão e se casaria em 1967.
Fase dos figurinos
Sendo dispensado do seu período no Exército e retornando aos Estados Unidos em março de 1960, Elvis, mais maduro, grava seu primeiro álbum após o exército, “Elvis is Back!”, que chega ao segundo lugar de sucesso nas paradas musicais, e participa da histórica exibição de TV, “Frank Sinatra’s Welcome Home, Elvis”, onde troca canções com o respeitado e também idolatrado cantor, Frank Sinatra.
Elvis retornou introduzido a uma produção constante e massiva de filmes e álbuns feitos para as trilhas sonoras destes. Gravou por todos os EUA, incluindo o Hawaii, um dos lugares mais marcados por ele, e continuou a alcançar ótimos números nas bilheterias e boas posições nas paradas musicais.
Mas para Elvis, a rotina, os padrões e a massificação quantitativa de seus últimos trabalhos não alcançavam o espírito e as emoções que ele sentia, algo que o frustrava muito em sua busca por criatividade e por paixão na sua carreira.
Fase da jaqueta de couro
Em 1968, duas mudanças marcavam a nova fase de Elvis. Em fevereiro nascia sua única filha, Lisa Marie, e em junho, mais uma inovação se iniciava com a presença artística de Elvis.
Idealizado por seu gerente, o Coronel Parker, como um especial de Natal daqueles com tema familiar e canções religiosas, se iniciava a produção do especial de TV da NBC chamado oficialmente de “Elvis”, mas que viera a ser conhecido como o famoso “68 Comeback Special”, o triunfante retorno de Elvis a carreira musical e aos palcos com público.
Lançado em 3 de dezembro de 1968, o especial de TV dirigido por Steve Binder recebeu 40% de toda a audiência televisiva do país e foi aclamado pela crítica e pelo público. Considerado o primeiro acústico gravado em vídeo, o show de Elvis, um artista à frente do seu tempo, mesclou apresentações com público e cenas escritas para relembrar e exaltar a trajetória pessoal, musical e cinematográfica de Elvis com incríveis produções regadas a holofotes, luzes de neon, karatê, dança e as melhores canções românticas, gospel e de rock do rei.
Elvis finalizou o show com a canção inédita “If I Can Dream”, que homenageava e se inspirava nos discursos por igualdade de Martin Luther King Jr., ativista político líder do movimento pelos direitos civis dos negros nos EUA, assassinado naquele mesmo ano.
A partir desse show, Elvis retornou às gravações realmente artísticas de suas canções e diminuiu um pouco o seu ritmo frenético de filmes.
Fase das jumpsuits (macacões)
Inaugurando as apresentações no recém construído Hotel Internacional de Las Vegas em 1969, envolvendo consecutivos shows com orquestras gospel, guitarristas, bateristas e muita energia, Elvis iniciava mais uma emblemática fase de sua carreira e de seu guarda-roupas.
Foi nessa época em que Elvis Presley foi proclamado primeiramente como Rei do Rock’n Roll e que ele começara a se apresentar com seus marcantes jumpsuits (macacões), com design de Bill Belew, que misturavam trajes de karatê e calças boca de sino com ornamentos maias e capas de super-heróis, categoria de que Elvis não se distanciava muito.
Nesse período, Elvis participou de seus famosos documentários que acompanhavam seus espetáculos, “Elvis – That’s the Way It Is” sobre seus ensaios e apresentações em Las Vegas e “Elvis On Tour” sobre sua aparição por todos os EUA, tendo Martin Scorsese na equipe de produção.
Em 1973, ocorria mais uma disrupção tecnológica e artística preparada para e pela performance de Elvis Presley. A primeira transmissão via satélite de um show de música. O “Aloha from Hawaii Via Satellite” recebia, simultaneamente, enorme audiência de 40 países ao redor do mundo inteiro, incluindo o Japão, Hong Kong, Coréia e muitos outros, juntando um público estimado entre 1 e 1,5 bilhão de pessoas.
O show foi mais visto nos EUA do que a primeira caminhada do homem na Lua e teve os valores de seu merchandising doados para o Kui Lee Cancer Fund.
No mesmo ano, devido a distanciação pela rotina agitada do cantor, Elvis e sua esposa, Priscilla, se divorciam amigavelmente. Anos depois, Elvis conheceu sua futura namorada, Ginger Alden, mas por diversas razões profissionais e pessoais que esgotaram sua saúde durante essa fase da vida, incluindo a perda de sua antiga esposa e a quantidade incessante de shows, Elvis faleceu em 16 de agosto de 1977 em sua casa, em Graceland.
Fase do seu legado
Elvis está nas trilhas sonoras de quase todos os filmes que passam por Las Vegas. Elvis está presente em diversos clubes de fãs, documentários, covers e imitadores profissionais. O rei está nas animações da saga “Lilo & Stitch” da Disney, produzida entre 2002 e 2006, e até na animação “O Poderoso Chefinho” da DreamWorks, lançada em 2017.
Graceland, sua casa, hoje é um ponto turístico que envolve um museu e projetos de música e acampamentos que recebe cerca de 600 mil visitantes por ano. A casa também está ao lado do recém inaugurado e gigantesco resort, administrado pela empresa que cuida de sua marca, inspirado em todo o estilo pomposo e carismático do rei para os que o conhecem e para os que querem luxuosos férias, participando ou não da anual “Elvis Week” dedicada ao cantor e aos seus fãs.
Elvis está em fundações, sob administração da Elvis Presley Enterprises, que doam para a medicina e para diversas causas sociais. O rei continua nas paradas de sucesso, incluindo as mídias digitais, está constantemente presente em produtos com sua imagem, roupas, joias e propagandas. Elvis Presley está no remix do Cirque Du Soleil no álbum “Viva Elvis” de 2009, e em contínuas e recentes compilações e combinações com a Royal Philharmonic Orchestra, com sua filha e com diversos músicos e artistas populares por todo o mundo.
Em 2012, esteve em um telão gigantesco com sua banda tocando ao vivo e em perfeita sincronia aqui mesmo no Brasil.
Elvis será um agente secreto em uma série animada da Netflix chamada “Agente King”, algo que ele sempre teve interesse em ser, e logo mais será protagonizado em mais um filme sobre sua vida, dessa vez dirigido por Baz Luhrmann (“Moulin Rouge” e “O Grande Gatsby”) e com Austin Butler e Tom Hanks no elenco.
Mesmo dado como morto há mais de 40 anos, o rei não morreu na mídia e nem no coração de seus novos e futuros fãs. Sua breve e saudosa vida se estendeu por todos esses anos na sociedade do mundo inteiro e continuará assim enquanto a qualidade sempre atual e inovadora de seu trabalho abraçar a mente e o coração daqueles que conseguem sentir a incrível experiência de vida nas diversas músicas das diferentes fases e gostos da vida do Rei.
Para saber mais sobre a vida de Elvis Presley, assista ao documentário “Elvis Presley – The Searcher” lançado pela HBO em 2018, ou acesse sua biografia oficial no site https://www.graceland.com/about-elvis.
Acompanhe novidades sobre o rei também nas redes sociais em seu perfil no Instagram, @elvis, e em seus canais de streaming de música no Spotify, Deezer, Google Play Música e no Youtube.
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