Tenho uma sugestão de leitura para os amigos: o novo ensaio de Yuval Harari : “Na Batalha
Contra o Coronavírus , faltam Líderes à Humanidade”.
Yuval Noah Harari é um professor israelense de História na Universidade Hebraica de Jerusalém e PHD em História pela Oxford University. É autor do best-seller internacional “Sapiens: Uma breve história da humanidade” e também de “Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã”. Seu último lançamento é “21 Lições para o Século 21”.
Harari nos traz uma reflexão profunda sobre o mundo e a pandemia do Covid-19. Como ele
bem destaca, enquanto as pessoas batem boca, os vírus se propagam e se multiplicam por
falta de confiança entre os seres humanos.
Para o autor, tão devastadora quanto o vírus é a crise de confiança no poder público, nos
especialistas, mesmo com pontos de vista diferentes. Além disso, os países precisam
confiar uns nos outros. Em sua visão, para vencer esse vírus os líderes mundiais precisam
ser inspiradores e não detratores .
Um dos pontos que me chamou a atenção foi a questão da desglobalização e as suas
barreiras tarifárias e sanitárias entre as nações. Uma pergunta de Harari que nos faz pensar:
Será que “o verdadeiro antídoto para epidemias não é a segregação, mas a cooperação”?
Contudo, e não menos importante, “embora uma quarentena temporária seja essencial para
deter epidemias, o isolacionismo prolongado conduzirá ao colapso econômico sem oferecer
nenhuma proteção real contra doenças infecciosas”.
Nos 100 anos que se passaram desde 1918, época da grande peste (gripe espanhola), a humanidade se tornou ainda mais vulnerável a epidemias graças a uma combinação de crescimento populacional e maior eficácia dos transportes. Uma metrópole moderna como Tóquio ou a Cidade do México oferecem aos patógenos um terreno de caça muito mais abundante que a Florença medieval, por exemplo.
Se apenas nos determos na questão da mobilidade diríamos logicamente que a atual rede
de transportes global é muito mais rápida do que era em 1918. Um vírus pode realizar a
travessia de Paris a Tóquio em menos 24 horas. Sem dúvida, a questão da velocidade de
propagação do Covid-19 em função da urbanização das cidades é um fator a se levar em
conta. A mobilidade através dos transportes aéreos somente em 2019 foi responsável por
mais 1.4 bilhões de voos de ida e volta ao redor do mundo.
Essa velocidade de propagação associada a ausência de solidariedade entre países
colocaram em cheque os sistemas de saúde ao redor do mundo onde já se registram mais
de 185 países infectados. São de ser enaltecidos os esforços heroicos da Itália e Espanha para
rever essa tendência de contaminação ao ajustar os seus sistemas de atendimento.
Em trechos do livro, algumas passagens são merecedoras de registro: “A coisa mais
importante que as pessoas precisam compreender sobre a natureza das epidemias talvez
seja que sua propagação em qualquer país põe em risco toda a espécie humana. Isso
porque os vírus evoluem. Um vírus como o corona tem sua origem em animais, como o
morcego. Quando salta para os humanos, o vírus encontra-se inicialmente pouco adaptado
aos novos hospedeiros. Replicando-se dentro de nós, pode sofrer mutações letais de difícil
controle”, diz Harari
O autor destaca ainda que a crise de confiança entre os países provocará uma lacuna de
cooperação internacional sem precedentes. Em síntese segundo Harari “a humanidade
enfrenta uma crise aguda de confiança”. E conclui : se essa pandemia resultar em maior
desunião e maior desconfiança entre os seres humanos , o vírus será o vencedor!
Precisamos vencer esse astigmatismo da confiança social!
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