Coisa Mais Linda me inspira a ser a melhor versão de mim mesma. Me faz querer encontrar no espelho uma mulher com pitadas de coragem da Malu. De força da Adélia. De confiança da Thereza. De encanto da Lígia. De determinação da Ivone. E sobretudo, me faz querer lutar por algo que é tão delas quanto nosso – meu e seu: o direito de viver em um mundo em que poderemos ser o que somos e o que quisermos ser. Iguais. Livres. Sem medo.
Se você viu a segunda temporada de CML, eu te convido a refletir alguns pontos que me incomodaram. De duas, uma, e melhor ainda as duas:
- Você vai enxergar algo que passou despercebido ou;
- Vai discordar e mostrar seu ponto de vista. E eu vou adorar!
Simbora?
Representatividade feminina
Eu já falei, em outro artigo, sobre o Teste de Bechdel. Ele foi criado em 1985 pela cartunista Alison Bechdel para avaliar a representatividade feminina na indústria cinematográfica, que geralmente retrata a mulher de forma inadequada:
“A obra deve ter duas mulheres com nome próprio, que conversam entre si, e sobre qualquer assunto que não seja homens”.
Eis o motivo do meu 1o incômodo: Malu com Pedro, Chico e Roberto. Adélia com Capitão e Nelson. Thereza com Nelson e Wagner. Lígia com Augusto. Ivone com Miltinho e… Nenhuma narrativa feminina desassociada da figura masculina.
Mulheres também se relacionam com mulheres, e não apenas casualmente ou por diversão. Assim como mulheres nem sempre estão em um envolvimento amoroso, por opção ou não, e tudo bem não estarem. Nem tudo gira em torno da relação entre o feminino e o masculino e eu senti falta dessa mensagem.
Thereza e Wagner: Por quê?
Enquanto Thereza retrata a mulher assertiva, que ocupa cargos de liderança e ignora com maestria a aprovação masculina, Wagner faz o tipo que se sente superior e solta comentários machistas a cada oportunidade. Que confunde uma conversa de bar com interesse sexual e o feminismo com sexualização.
Mas pasmem! De repente, não mais que de repente, eles se beijam e ficam juntos. Nãaaaao! Não é do tipo “bem charmoso, mas bem idiota”, como disse a Malu, que devemos ficar longe?
(Peço licença para estes parênteses. Preciso dizer que Thereza ainda é uma exceção. Precisamos conversar muito sobre a síndrome da impostora e mais ainda sobre a realidade de mulheres negras lutando pelo acesso ao mercado de trabalho enquanto mulheres brancas buscam respeito em um espaço já conquistado.)
O final
Augusto morto na piscina me fez fechar a temporada com chave de indignação. Me parece, depois da sequência de brigas que antecedem a última cena, que Coisa Mais Linda 3 inevitavelmente vai ter que responder quem é o culpado.
Mas vamos lá: Lígia já foi assassinada por ele. Foi questionada e julgada moralmente depois de morta e como muitas mulheres, não conseguiu justiça. Por tudo isso, detesto a possibilidade de continuarem esse conflito pelo viés da justiça com as próprias mãos. Esse é o único final possível para a violência contra a mulher?
Estou ansiosa para ver os próximos capítulos dessa história!
E sinceramente? Continuo querendo que todas as mulheres assistam Coisa Mais Linda. Afinal, se eu estou aqui escrevendo meus incômodos em relação à segunda temporada da série é, também, graças a ela. Porque muito além de me fazer sorrir, sonhar, querer, reviver, me emocionar, me indignar, me conhecer, CML me faz pensar e repensar temas que me tocam e envolvem.
E você, o que achou da temporada? Deixa aqui nos comentários ou me chama no direct do Instagram. Eu quero te ouvir (ler)!
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