Nunca classificamos alguém abertamente como “micro bonito”, “micro legal” ou “micro inteligente”. São termos no mínimo ofensivos e pejorativos. Ser “micro” é um termo técnico que se presta apenas para classificar o porte de uma empresa diante dos órgãos fiscais/tributários.
A expressão, que caiu na linguagem popular, deve ser empregada para definir a característica de um empreendedor que lança um negócio que apresenta potencial de crescimento ilimitado. Deve ser visto como um título transitório e não um rótulo.
Dito isso, que fique extremamente claro que ninguém tem a receita pronta do sucesso no mundo do empreendedorismo. Observe um empreendedor extremamente rico e outro extremamente pobre: os dois acordam, tomam banho, tomam café, exercem suas atividades, almoçam, jantam, dormem, basicamente no mesmo horário. O que os diferencia são os detalhes. Veja alguns:
1. Algumas pessoas nascem com talento. Apenas uma parcela consegue fazer o bom uso e transformar isso em um negócio, com renda!
2. A disciplina está disponível para todo empreendedor, cabe a ele canalizar, exercitar, e aprimorar isso; não há dúvidas que a disciplina é extremamente mais eficaz que o talento.
3. A disciplina te trará constância, insistência, doutrina, aprimoramento profissional, pois o vitorioso é apenas um “perdedor” que não desistiu.
4. Não compre cursos milagroso, não consuma conteúdos mágicos, lembre-se que você é um fornecedor de produto ou serviço, e deve se manter nessa posição. Isso significa que o consumo de conteúdo puramente técnico e a troca de experiências com outros da sua área ou que possuam relação com ela, vão agregar a sua bagagem. Já os “milagrosos” não passam de conteúdos motivacionais com migalhas de informação técnica, que apenas desviaram seu tempo, energia e grana (que nesse início geralmente é curtíssima). Busque giro rápido e prático. Plantar coisas grandes a longo prazo não te isenta da responsabilidade de buscar e gerar receita, ainda que pequena, todos os dias. Muitos empreendedores quebram sonhando com o grande e esquecendo de gerar a renda do dia-a-dia. Contraem dividas, perdem o valor investido, pois ignoram o custo fixo diário.
5. Não se compare a ninguém. A maioria dos empreendedores iniciantes confunde a admiração, o exemplo, com uma pressão absurda de crescer do dia pra noite. Alguns procuram algum tipo de interação com seus “ídolos”. Lembre-se que eles cresceram e chegaram onde estão se focando no projeto, debruçando dia e noite, e não stalkeando os outros. Ter pessoas como exemplos é legal, mas interagir com elas raramente te trará algum benefício prático para o seu negócio.
6. Não deixe a disciplina, o foco, a disposição se esvaírem com o tempo. Lembre-se que no momento em que você muda isso, o reflexo negativo é certo.
7. Se aperfeiçoe em vender seu produto ou serviço. Você precisa acreditar no que vende. Esse mindset deve estar claro: deve-se ter orgulho e prazer em faze-lo. Nesse ramo a paixão é indispensável. Não perca seu tempo, dinheiro e energia se não sente isso!
8. Pense que por vezes no começo você será extremamente questionado, pelos colaboradores, pela família, amigos e clientes. O preparo psicológico é essencial. Grandes empresários vivem se questionando, isso é normal. O que não pode ser normal é deixar esse medo ou pressão consumir suas metas e objetivos.
9. Foque no seu negócio diariamente, agindo como se aquele dia fosse determinante para seu negócio, ao mesmo tempo tenha a paciência de quem planta uma arvore. Essa dica não se destina a te desanimar e sim a lhe conscientizar. Conheço pessoas que trabalham 10/15/20 anos em determinado emprego – e não podem ser consideradas bem sucedidas -, mas seguem satisfeitas e atribuem sua situação econômica ao estado, governo, religião, karma, azar, destino. Vejo muitos empreendedores revoltados por não ver resultado que esperavam em um ano. Se a sua empresa for bem trabalhada lhe dará liberdade financeira e liberdade de tempo. Isso é algo que você transmitirá aos netos e bisnetos, enquanto o emprego não!!
Não quero aqui colocar o empreendedorismo como projeto de vida ideal ou perfeito (nem de longe), mas o empreendedor deve ter uma visão séria e lúcida do que realmente é esse mundo. Não deve se embriagar com o “brilho” de se intitular empresário, e sim entregar-se, empenhar-se, conviver com dúvidas, cobranças, e o peso de ser um líder. O empreendedor precisa estar pronto para o sucesso, para projetar e ter disciplina (não necessariamente talento). Não parar sempre no segundo ou terceiro degrau, muitos se preparam tanto para o início mas não se preparam para o caminho. Quando começam a colher os primeiros resultados, mudam determinadas atitudes cruciais e começam a se perder. Veja os exemplos:
• Altos gastos pessoais: passam a ter acesso a uma renda que até então não tinha antes.
• Perda do gás: começam a pensar que já não precisam se dedicar tanto, que o negócio já anda sozinho.
• Contrair gastos (para própria empresa) dispensáveis e supérfluos: o resultado sempre será mais importante que a estética do negócio.
• Contratar colaboradores que não geram receita para sua empresa (nem de forma indireta) ou ainda que gerem pouca.
Posso apostar que esse artigo abriu sua mente (se está iniciando) ou relembrou valiosos princípios já sabidos (se já está nessa estrada). Por mais que alguns pontos pareçam um discurso do óbvio, lembrar-se diariamente do óbvio faz parte dessa disciplina exigida.
Se sua fome pelo assunto não parou por aqui, tenha certeza de que você é um verdadeiro empreendedor. Independentemente do seu capital social ou estrutura da sua empresa a partir desse momento você saiu da categoria dos “micros” e se juntou ao time dos empreendedores acima da média.