Queer Eye é um reality show remake da Netflix, totalmente despretencioso. Na primeira versão, em 2003, o grupo era composto por Ted Allen, Carson Kressley, Kyan Douglas, Thom Filicia e Jai Rodriguez. Na época, os Fab Five (como são chamados no programa) ajudaram a transformar os estereótipos e conquistaram tanto o público, que chegaram a ganhar um Emmy. Mas, em 2018, a Netflix nos trouxe a proposta de uma maneira mais moderna, pois já temos um mundo levemente mais aberto do que o que conhecíamos há 15 anos atrás. Enfim, os Fab Five dessa edição, vão salvar a vida de pessoas que possuem uma péssima autoestima e que ainda lidam com alguns problemas emocionais e familiares.
Eu não sei você, mas eu tenho um sério problema com reality show que diminui os participantes, sabe? Seja o jurado de um programa de comida ou um apresentador de um programa de transformação, que instiste em dizer o quanto a pessoa não entende de moda e que a pessoa só ficou maravilhosa, depois de seguir as orientações que recebeu. Acho completamente desnecessária a abordagem e ninguém tem a obrigação de super entender de moda, por exemplo. Portanto, eu acabo correndo de programas assim. Mas, lá em 2018, foi impossível resistir a carinha fofa dos 5 fabs passando no meu catálogo da Netflix.
Empatia e gentileza são ponto alto de Queer Eye
Eu poderia passar horas aqui, te explicando a estrutura do programa. Contando o que cada um dos fabs pode transformar uma parte da vida de alguém. Mas, existem coisas muito mais legais para falar sobre Queer Eye. Em 2 anos, com 5 temporadas (e uma extra gravada no Japão), Queer Eye é muito mais do que uma transformação visual. Ao longo de cada episódio, temos a chance de conhecer as histórias de cada participante. De nos emocionarmos com problemas semelhantes que vivemos na nossa vida ou até nos surpreendermos por aprender sobre algo que está fora da nossa bolha. Em um mundo onde estamos acostumados a ver tantos julgamentos e comentários de ódio, eles vem para nos oferecer a empatia. Olham para cada participante, com o cuidado que deveriamos adotar para a nossa vida.
Analisam a história, o contexto, quais as questões emocionais que estão travando a vida daquela pessoa. Eles usam e abusam da gentileza, para transformar não só a parte visual de alguém. Em Queer Eye, eles adaptam as dicas para a rotina e para o gosto de cada participante. Ao invés de enfiar um monte de regras de moda, como nos outros programas fazem. Mas, os Fab Five estão abertos para aprender também e se encantam com cada uma das histórias que conhecem.
Muito mais do que um makeover
Nenhum episódio é igual ao outro. Eles não seguem uma fórmula e a luta por aceitação é o que move essa nova edição. Os participantes abrem os corações para os apresentadores, sobre suas angustias e problemas. Logo depois, relações de amizade e afeto são construídas. Inclusive, lá na primeira temporada, tem um episódio em que Karamo (um dos Fab Five) precisa confrontar seu receio com policiais, retratando bem a tensão entre a comunidade negra e o abuso de poder dos policiais americanos. Em outro, Bobby abre parte de sua vida religiosa para um participante. Contando que, chegou a pedir para Deus que não fosse gay.
No meio dessa trama emocional, a transformação visual fica apenas como pano de fundo. Se você também está precisando renovar a sua fé na humanidade, se precisa dar uma chance para coisas leves, que melhorem o seu dia, por favor, aposte em Queer Eye. Acho improvável você se arrepender. Aproveita esse tempo para sair da caixinha e aprender muito com tudo o que o reality show tem para te ensinar.
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