The Great é uma série de comédia satírica inspirada na história da imperatriz russa Catarina, A Grande. Contando sobre sua juventude e seu conturbado casamento com o Imperador Pedro III. Apesar do seu viés histórico, a obra se apresenta como “ocasionalmente real”, em seu próprio título de abertura em cada episódio.
Apesar de pouco conhecida no Brasil vale a pena falar sobre essa série tão divertida e cheia de história.
Aviso! Contém spoilers (de leve).
A série

A série da Hulu é protagonizada por Elle Fanning, que interpreta a Catarina como uma jovem alemã refinada e cheia de sonhos. Ao se mudar para casar com o Imperador Pedro (Nicholas Hoult) têm sua inocência destruída por um líder perverso e narcisista.
A moça usa da sua beleza e refinamento europeu para tentar conquistar o Imperador e a corte, que não a recebem bem. Catarina anseia por uma Rússia sem guerras e com desenvolvimento em artes e ciência, flertando com a liberdade de expressão e democracia.
Esses ideais dificultam muito suas alianças, já que a igreja tem domínio sobre o império e a sociedade. A trama então leva a protagonista a arquitetar um golpe de estado contra seu próprio marido.
A série conta com o roteirista Tony McNamara, que também assumiu a produção executiva e direção. McNamara é conhecido pelo seu trabalho de roteiro no filme A Favorita indicado a um Oscar.
Por isso, vemos muitas semelhanças entre os trabalhos, principalmente quando nos referimos ao tom de comédia dos personagens e ao plot sobre disputa de poder através de conspiração. Um exemplo é a personagem Marial, uma ex nobre que torna-se criada e conquista a confiança da Imperatriz em busca de vingança contra membros da corte; lembrando um pouco o plot de Abigail, interpretado por Emma Stone em A Favorita.
A História Real Vs. Ficção

Nascida como Sophie Friederike Auguste, princesa von Anhalt-Zerbst, era filha de nobres russos decadentes. Apesar do seu título, possuía remotas chances de subir ao trono.
Então, em 1945 acontece um casamento com objetivos políticos, onde Sophie foi escolhida para casar com o Grão-duque Pedro Holstein-Gottorp. Sim, aí está a primeira grande diferença Pedro não era Imperador, quem possuía o título era sua tia Isabel, que na série recebe o nome de Elizabeth e não possui nenhum poder político.
Pedro só ascende ao poder em 1762 com a morte de sua tia. Sophie já convertida e rebatizada na igreja ortodoxa logo após o seu casamento com o nome de Catarina II, tornasse imperatriz-consorte.
Não é mentira que o casal se odiava e que de fato Catarina organizou um golpe de estado com apoio dos militares e conselheiros. Já que Pedro morreu assassinado dentro da prisão apenas 6 meses depois de assumir o trono.
Um outro ponto verdadeiro nessa história são os amantes. Tanto Pedro, quanto Catarina tinham relações extra-conjugais. No entanto, existem muitas diferenças. A Imperatriz da série recebe um amante de presente e o jura amor eterno, já na vida real os amantes eram vários. Um deles foi o Grigori Orlov membro da guarda imperial.
Coincidência ou não, na série o amigo de Catarina que a ajuda em toda a conspiração é conselheiro do Rei: Orlo. Por outro lado, não há nenhum resquício de envolvimento romântico trama (até agora).
Assim como na série, a Imperatriz era adepta a ideias iluministas e tinha contato com filósofos como Voltaire. De fato foi uma grande entusiasta das artes e ciência. Em seu reinado separou Estado da fé; fundou a Universidade Russa; criou uma academia para o desenvolvimento da literatura; e reduziu o uso leis em favor tortura e da pena de morte.
Vale a pena ver The Great pela diversão. A história tem, mas é só ocasional.
Apesar de descrita como minissérie, já está com uma segunda temporada em produção. No Brasil é distribuída pelo Starz Play.
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