Misturando relatos verídicos com dramas e roteiros incrementados com ficção, o docudrama é um gênero cinematográfico e televisivo que tem transmitido conhecimento e entretenimento de forma muito marcante e bem produzida.
Mais do que simples encenações para representar o que é contado, as obras do gênero docudrama se utilizam de roteiros, atores e cenários para criar histórias inspiradas pelo que é relatado ou então expressar visualmente, de forma biográfica, com empatia e fidelidade, a narrativa sobre os fatos documentados.
Entrevistas, ações e experiências vivenciadas no mundo real são reforçadas com interpretações fidedignas a eles ou usadas como base para comparações ficcionais e metáforas para o significado que a mensagem busca transmitir.
Como exemplo mais atual, temos disponível na Netflix a obra O Dilema das Redes que intercala gravações das entrevistas com pesquisadores e antigos executivos de grandes corporações de tecnologia com um roteiro ficcional, repleto de efeitos especiais, elenco selecionado e expressões dramáticas que se baseiam na mensagem da narrativa que as entrevistas expressam.

Essa produção, muito informativa e impactante, é um exemplo de docudrama que usa relatos verídicos para criar uma história paralela, representando uma descrição figurativa com os mesmos valores e significados das mensagens expostas.
Outra obra que se usa dessa mesma técnica é a emocionante e necessária produção Anne Frank – Vidas Paralelas. Nesse docudrama, somos conduzidos pela atriz britânica vencedora do Oscar, Helen Mirren, para os relatos da jovem adolescente judia, vítima do Holocausto, Anne Frank, que durante seu período escondida das forças nazistas em um pequeno sótão com sua família, usava seu diário para expressar o que vivenciava e o que desejava de melhor para o mundo naquela terrível situação.

No filme baseado nas páginas do diário de Anne, temos a intercalação de entrevistas com sobreviventes do Holocausto e suas famílias, da mesma forma que a fictícia jornada de uma jovem adolescente inspirada e curiosa pela vida de Anne e pelos ensinamentos desse período sombrio na história humana. Mesmo com relatos verídicos impactantes o suficiente, essa fábula reforça e homenageia de maneira muito respeitosa o impacto inspirador da breve vida de Anne e das muitas outras vítimas dessa atrocidade, sobreviventes ou não.
Como outro documentário vinculando drama e ficção baseado em períodos marcantes da história, a produção de seis partes, Os Últimos Czares, que trata da queda da dinastia Romanov, a última dinastia do império Russo, é um exemplo de docudrama diferente dos anteriores. Nessa série, temos dramatizações fidedignas à história documentada e não apenas usadas como comparativo metafórico baseado nela.

Um roteiro é imaginado e montado para representar visualmente, da maneira mais equivalente possível, os fatos, diálogos, as personagens e os ocorridos como se relatados por alguém ainda vivo daquele período e que usou dessa história para produzir uma obra visual buscando retratar verdadeiramente o que se passou.
Ainda que tenha recebido observações sobre alguns pontos historicamente divergentes nos cenários e falas das dramatizações, a excelência dessa produção e a alta qualidade na exposição de empatia e informações nos disponibilizam uma série memorável digna de maratona.
Seja para acontecimentos históricos ou informações mais atuais, muitas obras do gênero docudrama reforçam relatos sobre histórias verídicas com ótimas produções visuais e transformam fatos documentados em expressões cinegráficas que proporcionam um ótimo entretenimento pelos cenários e atuações ao mesmo passo que informação e aprendizado.
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