Esta semana, o criador e animador, Mike Catherwood conversou durante uma hora com os executivos da plataforma Quibi, definido detalhes de Ruby, projeto de animação com dez episódios de dez minutos de duração, padrão na nova plataforma streaming. Assim que terminou a ligação, pegou seu carro e foi buscar sua filha na escola. Quando voltou para casa, viu a notícia que o deixou estarrecido: o Quibi estava fechando suas portas. E, assim como ele, dezenas de produtores e criadores, ficaram à ver navios depois de terem embarcado numa jornada que seria a trip mais moderna do mundo dos canais streamings, mas naufragaram antes mesmo de sair do porto.
Foram quase dois bilhões de dólares em investimentos, mas o fechamento da jovem plataforma startup de streaming móvel liderada por Jeffrey Katzenberg e Meg Whitman, chocou o mundo do entretenimento. Esse ano, o Quibi já tinha alçado um voo importante, ao ser indicado em dez categorias do EMMY, e faturado dois pela série policial #FreeRayshawn: Melhor Ator (Laurence Fishburne) e Atriz (Jasmine Cephas Jones). Poderia ser um aditivo para dar continuidade ao projeto de conteúdos especiais para dispositivos móveis. Mas, o sonho acabou.
O Quibi era um projeto para o século 21. A ideia era produzir séries com curta duração para atingir o público que assiste todo o tipo de conteúdo através de seus smartphones e tablets, quando estão, por exemplo, esperando por seu pedido numa cafeteria, na sala de espero do dentista ou situações similares. Dessa forma, o público assinaria o serviço para ter conteúdos criados especialmente para esse aplicativo, com episódios de, no máximo, dez minutos de duração.
O projeto com um nome como o de Jeffrey Katzenberg liderando não encontraria resistência dos investidores. Afinal, o homem foi o braço de criação da Disney nos anos 80, até começar sua parceria com Steven Spielberg e David Geffen, quando criaram a DreamWorks. Junto com ela estava Meg Whitman, que também passou pela Disney e DreamWorks, e recentemente esteve na HP,de onde saiu para ir para o projeto Quibi. A dupla convenceu os estúdios de Hollywood e outros grandes investidores a embarcar na nova plataforma.
Disney, NBC Universal, Viacom, Sony Pictures Entertainment, WarnerMedia, Lionsgate, MGM, ITV, Entertainment One, colocaram num primeiro momento cerca de 1 bilhão de dólares para vez o projeto sair do papel em 2018. Esse ano foram mais 750 milhões, mas a briga para conseguir assinantes que pagassem para dar vida à essa plataforma começou a ficar cansativa para todos. Em junho, o Wall Street Journal relatou que a meta de 7,4 milhões de assinantes esse ano, não tinha consegui chegar a 2 milhões de pagantes, 30 % da meta inicial. Foi quando a primeira bandeira vermelha subiu no mastro principal.
Onde estava o problema? A pandemia do coronavirus!
A plataforma foi lançada no mesmo mês em que milhões de americanos se recolheram aos seus aposentos para não enfrentar diretamente o COVID-19 e, assim, aumentar as funestas estatísticas de contaminados e mortos pela contaminação. Isso significava que a teoria imaginada por Katzenberg, onde o público consumidor do conteúdo do Quibi estaria nos cafés e bares vendo trechos de dramas e comédias produzidos para a plataforma, não poderia ser testada em campo.
“Sentimos que esgotamos todas as nossas opções” escreveram Whitman e Katzenberg na carta aberta aos investidores, parceiro e funcionários. O resto dos fundos levantados para tornar o Quibi realidade, serão devolvidos aos seus investidores. Apelidado inicialmente de NewTV, o Quibi tinha investidores fora de Hollywood como a Goldman Sachs, o JPMorgan Chase & Co e o Liberty Global. Meg Whitman declarou que, mesmo tendo dinheiro para continuar a operação, a medida mais correta para evitar um problema maior, era fechar tudo. “Lutamos com todas as nossas forças, mas isso não foi o suficiente”, enfatizou a executiva.
Tanto Meg quanto Katzenberg reafirmaram que não desistiram totalmente do Quibi. Eles vão continuar trabalhando para encontrar uma solução que transforme em realidade esse sonho criativo. Principalmente para encontrar compradores para tudo o que já foi feito e os projetos que estavam em andamento. Quem saber Mike Catherwood e o seu Rudy terão a chance de ser produzido e ser exibido em alguma outra plataforma.
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