A chegada do novo presidente Joe Biden ao governo dos EUA, colocou novas perspectivas para temas como à ciência e o meio ambiente. Isso porque, uma das principais pautas do candidato eleito a presidência durante os debates políticos contra seu rival, Donald Trump, foi de priorizar o combate ao novo coronavirus, COVID-19, e tomar medidas contra as mudanças climáticas.
“Temos problemas sérios, não temos mais tempo a perder em guerras ideológicas“, Afirmou Joe Biden, ao se referir a pandemia da Covid-19. Uma das primeiras medidas de Biden, ao ser declarado presidência eleito dos EUA, foi nomear um corpo de 13 pesquisadores, médicos e especialistas da área da saúde, para auxiliar em tomadas de decisão do novo governo. “O conselho consultivo ajudará a moldar minha abordagem para gerenciar o aumento nas infecções relatadas; garantir que as vacinas sejam seguras, eficazes e distribuídas de forma eficiente, equitativa e gratuita; e proteger as populações em risco”, afirmou Biden em discurso. Enquanto o governo de Trump insiste em adotar uma postura baseada no negacionismo, Biden trata à pandemia como prioridade, visto que os EUA lidera como o país com maior número de casos de infecção pela COVID-19, no mundo.
No que tange ao meio ambiente, Biden acredita que a sustentabilidade é o futuro da economia, e o afastamento dos acordos ambientais coloca os EUA em uma posição de isolamento. Uma das primeiras medidas esperada é a volta do país americano ao pacto de Paris. O atual presidente, Donald Trump, há três anos anunciou a saída dos EUA ao acordo climático, assinado em 2015 na cidade de Paris e que envolve mais de 180 países, cujo objetivo é à redução de gases que acentuam o efeito estufa.
Para tanto, Biden tem um projeto para a produção de energia renovável no país. Em um dos seus discursos Biden afirma: “-Transformar o setor elétrico americano para produzir energia sem poluir com carbono será o maior estímulo de criação de emprego e competitividade econômica do século XXI… vamos desenvolver um setor elétrico livre de poluição em 2035”.
No entanto, essa reformulação não será tarefa fácil, visto que os EUA é um dos países que lidera a produção de Petróleo, e ultrapassou recentemente a Rússia, algo que não acontecia há duas décadas. Para dar um suporte, o novo presidente conta com um fundo de US $ 2 trilhões em 4 anos para produção de energia limpa e infraestrutura, no qual ele diz que com isso, criará “milhões” de empregos e moverá os EUA mais perto de um futuro livre de carbono. No que tange a redução das emissões de gases do efeito estufa, o plano de Biden projeta um setor energético dos EUA livre de poluição até 2035, com emissões líquidas zero de carbono em toda a economia até 2050.
Porém nem tudo são flores para Biden com os ambientalistas. Atualmente, os EUA lidera a Revolução do Xisto, com a utilização de gases antes considerados “irrecuperáveis” agora são extraídos de formações rochosas de xisto. Isso se deve há uma técnica de perfuração horizontal e fraturamento hidráulico, que sob alta pressão e com uma mistura de gás e água, é possível liberar gases contidos na Rocha. Essa mesma técnica também é utilizada para a extração de petróleo no país. Isso representou uma independência dos EUA no setor, dando ao país pela primeira vez mais exportações de gás natural que importação. Porém essa técnica é criticada pelos ambientalistas, uma vez que altera o habitat físico, aumenta no numero de resíduos sólidos na superfície e contamina a atmosfera e aquíferos. O novo presidente, não se pronunciou sobre o tema e nem apresentou nenhum projeto para este quadro.
Talvez um dos pontos que mais chamou a atenção em sua eleição e tenha provocado um impacto no Brasil, foi em uma das pautas do presidente ao tratar sobre a Amazônia. Para Biden, os atuais níveis de desmatamentos e queimadas precisam ser combatidos, e se necessário será criado um fundo para dar suporte o Brasil preservar o Bioma, e que se o país se negar sansões econômicas vão ocorrer ao território brasileiro. Em um debate contra Donald Trump, Biden disse: “começaria imediatamente a organizar o hemisfério e o mundo para prover US$ 20 bilhões para a Amazônia, para o Brasil não queimar mais a Amazônia…(Desta forma a comunidade internacional diria ao Brasil) aqui estão US$ 20 bilhões, pare de destruir a floresta. E se não parar, vai enfrentar consequências econômicas significativas“, afirmou Biden durante o debate.
Essa afirmação provocou uma reação do atual presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro reagiu ao discurso de Biden: “- O Brasil mudou. Hoje, seu Presidente, diferentemente da esquerda, não mais aceita subornos, criminosas demarcações ou infundadas ameaças… nossa soberania é inegociável“, afirmou Bolsonaro.
O fato é que o Brasil aumentou em 50% o desmatamento no mês de outubro, se comparado com o mesmo mês do ano anterior, segundo o INPE. E os dados de desmatamento e queimadas alarmantemente não param de crescer, e com a saída de Donald Trump, Bolsonaro se isola ao adotar o discurso negacionista. Ao que tange para o futuro, com a vitória de Biden, temas como Meio Ambiente, Direitos Humanos e a utilização da Ciência em tomadas de decisão para a sociedade, ganham mais espaço.
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