Caros leitores e leitoras, quero parabenizá-los por mais um ano intenso de lutas, conquistas e aprendizagens. Para mim, chegar ao final de 2020, é um ato de coragem, persistência e consciência de que tudo muda a todo momento.
Inconstância
Ganhei muitas batalhas perdi outras, tive momentos de alta produtividade e outros de procrastinação terríveis. Digamos, uma montanha russa de emoções e sentimentos. Confesso que tive uma overdose de cursos e palestras online. Alguém mais se identifica?
Diante desse tsunami de informação, tarefa árdua converter tanto conhecimento em aprendizagem e assim, passar pelo filtro do essencial ao descartável. Além disso, concomitante ao processo de aprender, observei e constatei o tamanho da minha ignorância.
Constatação
Nosso querido Sócrates já dizia:
“Só sei que nada sei, e o fato de saber isso, me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa”.
Ainda há uma certa resistência em transparecer quando não sabemos esse ou aquele assunto do momento, no debate de ideias, ninguém quer atestar sua ignorância, e no injusto movimento de comparar-se com o outro, sufocamos nossa espontaneidade no lugar de mantermos uma atitude de curiosidade diante do exposto.
Penso que estamos improvisando a todo momento, nosso roteiro de vida é uma obra aberta, fluida e dinâmica. Não sabemos tudo e, nos dias de hoje, se impor tamanho exigência é torturante. Diante dessa “infoxicação” saber desaprender para aprender novas trilhas de conhecimento tornou-se uma grande vantagem
Futorologia
“Futorologia” é a ciência praticada pelos ansiosos de plantão e custa caro a saúde mental. Esse excesso de futuro, com tantas expectativas ainda não atendidas vão nos distraindo do único momento onde de fato somos protagonistas de nossa narrativa: o agora.
Ao longo do ano, ficou muito claro que precisamos nos adaptar a todo instante e, quando se amplia essa noção de que vivemos um dia de cada vez, a intenção clara nas nossas escolhas que de fato atende nossa demanda interna nos conecta às nossas necessidades mais humanas: aceitação, segurança, progresso, cuidado.
Adaptação intencional
O poder das escolhas que fazemos traz a responsabilidade sobre as consequências das nossas respostas ao ambiente, sem o vitimismo e os impulsos reativos que nos incapacitam e alienam, atrapalhando nossas melhores decisões.
Mudar de opinião, se permitir encontrar outras perguntas, encontrar novos caminhos, outros sentidos. E para te inspirar trago um poema do Fernando Pessoa, que para mim é quase um mantra:
“Procuro despir-me do que aprendi
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu…”
Desejo que seu ano de 2021 seja o que você mais precisa, adaptando-se de forma intencional, lapidando a sua melhor versão para você mesmo(a). Boas descobertas e muita prosperidade em sua jornada!