Numa sutil mas intensa conversa sobre o real significado da guerra, os personagens de Denzel Washington e Gene Hackman, em Maré Vermelha (1995) tem duas opiniões distintas e tensas. Enquanto Hackman enfatiza que uma guerra é a continuação da política em outros termos, enquanto que Denzel, sabiamente, alerta que num mundo nuclear, o verdadeiro inimigo é a própria guerra. Ao final de Zona de Guerra, produção original da Netflix, a sensação que se tem é que o professor da escola militar de Berlim, Claus Von Clausewitz, responsável pela citação de Hackman, jamais poderia ter imaginado um confronto entre duas ou mais nações sob a égide das armas nucleares.
Não é fácil fazer um filme guerra especialmente quando ela se passa no futuro, em 2036, quando uma força militar dos Estados Unidos está lutando contra rebeldes terroristas em território ucraniano durante essa Guerra Civil no Leste Europeu. Qualquer semelhança ao que as tropas soviéticas ou americanas enfrentaram no Afeganistão, não é coincidência. Mas o diretor sueco, Mikael Halström, responsável pelo suspense com Anthony Hopkins e Alice Braga, O Ritual (2011), gostou do roteiro de Rob Yescomb, com uma história apropriada para um videogame, mas tinha uma pegada cinematografia perfeita. Rob foi o roteirista de videogames importantes como The Invisible Hours (2018), Farpoint (2017 e The Division (2017), e Zona de Combate é seu primeiro trabalho para o cinema.
Rob estabelece como cenário uma intervenção pesada da força de elite dos EUA contra os rebeldes, mas sem efetivamente resultados positivos. Para piorar o clima, um incidente durante o conflito, quando o tenente Harp (Danson Idris,da série Snowfall) decide usar o drone que pilotava para deter o avanço dos rebeldes. Mas o custo da iniciativa foi muito alto, já que dois soldados americanos perderam suas vidas.
Durante o julgamento de sua ação, Harp é designado para atuar dentro da zona de conflito ao lado do misterioso capitão Leo, interpretado por Anthony Mackie, que fez o Falcão Negro dos filmes do Capitão América. Leo, não é um militar qualquer, como Harp logo comprova. O militar é o primeiro de uma linha de androides sofisticados, com inteligência artificial capaz de determinar os passos de uma missão e alterar seu rumo durante uma batalha, caso isso seja necessário.
Harp sabe que terá com lidar com alguém muito mais esperto e eficiente que os soldados Gump, uma linha de robôs de combate cujo único objetivo é lutar e vencer o inimigo. No caso, os homens comandados por Viktor Kovall (Pilou Asbaek, de Game os Thrones), o líder dos rebeldes pode ter os códigos de lançamento de várias foguetes nucleares que podem ser usados contra os russos. Harp e Leo partem para a zona de conflito, tento em mente que não será nada fácil essa incursão em território inimigo.
Nesse cenário de guerra, o que poderia ser apenas mais um filme sobre conflitos pessoais, missões confusas e ordens questionáveis, torna-se uma corrida contra o tempo quando Harp descobre o real motivo por que Leo está atrás de Viktor. E não adianta tentar antecipar qualquer movimento do personagem. É necessário acompanhar até o final essas duas personalidades distintas, ligadas por um questionável código de honra.
Zona de Guerra é intenso, tendo poucas pausas para o espectador respirar para acompanhar essa tensa aventura belicosa. As cenas de batalha, especialmente quando se mostra o quão avançado é o “modelo” do capitão Leo enfrentando os inimigos. Ao mesmo tempo, o lado humano de Harp, que reluta em acreditar que a mesma guerra que via por seu monitor ao pilotar um drone é a mesma que está obrigando esse militar a pegar em armas e atirar contra o inimigo para não ser morto.
Não é um filme fácil, não só pela violência explícita que acontece numa zona de guerra, ou o que acontece com aqueles que são as primeiras vítimas de um combate armado, a população inocente. Zona de Combate acaba por reafirmar, implicitamente, a intepretação que o personagem de Denzel Washignton em Maré Vermelha, tem do postulado de Carl Von Clausewitz, que a guerra é seu próprio inimigo num mundo nuclear.
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Zona de Combate
Dois militares americanos caçam o líder de uma facção criminosa que lidera um grupo de guerrilheiros dispostos a tudo para vencer a guerra contra a força militar dos EUA.
PROS
- Uma boa ficção-ficção científica com uma boa dose de ação.
- Anthony Mackie deixa de ser o Falcão Negro mas com um segredo de arrepiar.
- Fique de olho no jovem ator Danson Idris, que ainda vai ter seu reconhecimento.
CONS
- Pode ter faltado um pouco mais de humanidade ao personagem de Anthony Mackie
Análise da Avaliação
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Roteiro
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Atuação
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Elenco e Equipe
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Som e Trilha Sonora
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Figurino
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Cenários