Os Tubarões são conhecidos por serem grandes predadores e uma das espécies mais temidas do mundo. Apesar de ser um peixe, eles não possuem bexiga natatória para auxiliar na flutuabilidade, portanto, essa sustentação é feita através de um óleo presente em seus fígados chamado Esqualeno.
O Esqualeno é de grande valor comercial, no século XVIII era usado como combustível em postes de luz por toda a Europa. Atualmente esse óleo é utilizado em cosméticos como hidratantes, protetor solar e cremes dermatológicos. No cenário da pandemia, ele é usado pela indústria farmacêutica como adjuvante na produção de vacinas, estimulando o sistema imunológico potencializando sua eficácia.
A Empresa farmacêutica britânica GlaxoSmithKline (GSK) afirmou que utiliza o Esqualeno na produção de vacinas para gripe e tipos de influenza como a provocada pela H1N1. De acordo com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo ao menos 20 das 202 vacinas candidatas contra a Covid-19 usam o Esqualeno como adjuvante.
Segundo a organização Shark Allies, a estimativa é de que são necessários de 2,5mil a 3mil tubarões para se obter uma tonelada de Esqualeno. Para que toda a população mundial receba uma dose da vacina contra o Corona Vírus 250mil tubarões precisam ser mortos para extração de óleo. A fundadora do Grupo Shark Allies Stephanie Brendl declarou que “Qualquer coisa colhida de animais selvagens não é sustentável, especialmente porque muitas espécies estão ameaçadas de extinção”.
Milhões de tubarões são comercializados internacionalmente, a maioria destinada para o consumo de carne e barbatanas. Em um relatório de 2014, a ONG Wild Life Risk divulgou uma fábrica no sudeste da China que processava ilegalmente 600 tubarões por ano, entre os quais estavam tubarões-baleia e tubarões-peregrinos, entre outras espécies protegidas.
“É impossível separar quantos tubarões serão capturados exclusivamente pelo esqualeno” diz Brendl “A necessidade de extração da substância para tornar viável a produção de vacinas contra o Sars-CoV-2 torna esses animais mais valiosos e irá contribuir para sua pesca excessiva”.
Uma alternativa mais sustentável já está sendo discutida e fabricada, um esqualeno feito a partir da cana-de-açúcar está sendo produzido em massa. A Empresa norte-americana de biotecnologia Amyris, no Vale do Silício, Califórnia, produz o composto através de uma molécula de hidrocarboneto extraída da cana.
“Estamos comprometidos em atender às necessidades mundiais de esqualeno sustentável de alto desempenho e baixo custo sem matar um único tubarão”, declara Jhon Melo, presidente da Amyris “Acreditamos que é essencial para responder a pandemias e fornecer vacinas para todas as pessoas necessitadas em nosso planeta”.
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