Você já ouviu falar na empresa Kodak? E na Blockbuster? Essas duas empresas, de ramos diferentes, têm algo muito importante em comum: elas declararam falência.
A Blockbuster foi a maior rede de locadora de filmes do mundo. Fundada em 1985, a empresa encerrou suas operações em 2010 não por causa de uma crise financeira, mas sim devido a sua própria proposta de negócios.
Com a ascensão dos serviços de streaming, ainda que de forma rudimentar na época, o valor de negócio em ter de atrair os clientes de forma física até as lojas para realizar os aluguéis de cada um dos filmes passou a não fazer mais sentido para esse ramo em transformação.
Com o fortalecimento das atividades online, a Netflix, fundada em 1997, desbancou o significado das operações e a fonte de receita da Blockbuster.
No caso da Kodak, a empresa ainda tem certa atividade e até cotação na bolsa de valores atualmente, mas não é nem sombra do que já havia sido. A Kodak, fundada em 1888 foi a maior empresa de fotografia do mundo, sendo rica financeiramente e em relação ao número de patentes de inventos, mecanismos e produtos tecnológicos que possuía.
Mas como uma empresa tão rica financeira e tecnologicamente pôde declarar falência?
Em seu ramo principal de atuação, a Kodak criou o que logo viria a destroná-la, a câmera digital. Nascendo da própria empresa, a tecnologia de fotografia digital foi considerada como um subproduto da organização pouco antes de ser considerada, por ela mesma, como um lançamento que não fazia sentido para o mercado em que a empresa se encontrava no momento.
Para não desacelerar seu carro-chefe, produtos e serviços de fotografia tradicional com rolos de filmes e revelações físicas das fotografias, a Kodak decidiu por deixar seu invento inovador de canto enquanto se mantinha sempre no mesmo caminho, até que foi passada para trás pelas mudanças do mercado.
Mesmo tendo declarado falência em 2011 e conseguido se recompor parcialmente anos depois com uma mudança de ramo de atuação principal, a Kodak poderia muito bem ter sido derrotada e enterrada como a Blockbuster, assim como diversas outras grandes empresas do mundo.
O erro dessas empresas, fora os demais conflitos internos de gerência, burocracia e parcerias fracas, pode ser resumido, de forma simplista, em uma palavra: inovação. Ou melhor, na ausência de inovação.
Essas empresas ficaram paradas no tempo. Poderosas organizações que movimentavam bilhões de dólares se estagnaram em seu ramo de mercado e em suas atividades específicas para atender a esse ramo, acreditando que ele jamais mudaria ou que então não era a hora para se pensar em mudança.
Não há nada de errado em se sentir satisfeito, contanto que seus grupos de clientes se mantenham satisfeitos. Essas empresas poderiam muito bem ter adotado outras medidas que manteriam um certo público para seus produtos ou então optado por adentrar em outros ramos de atuação com o uso da força que já tinham. Ainda assim, elas, de fato, se recostaram em suas posições, não investindo de forma correta em atitudes que as levariam mais à frente.
Um conceito que permeia principalmente o mercado financeiro é a noção de que se você não está ganhando, você está perdendo. Não é algo instantâneo e nem mesmo extremista, mas é uma noção completamente válida.
Deixar um recurso parado ou então nem decidir dar atenção quando ele poderia estar rendendo algum usufruto atual ou futuro pode e vai, em algum momento, causar a deterioração dele ou de outros que poderiam depender de sua participação no sistema envolvido.
Se as empresas e até mesmo as pessoas não investem o que já têm em algo que vá garantir segurança ou bons proveitos no futuro, como recursos financeiros, estudos ou mesmo maneiras de tratar e interagir com os outros, então elas estão, certamente, perdendo essa oportunidade de ganhar com a mudança que virá. Um erro que alguns de seus concorrentes podem não cometer.
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