Apresentada e patrocinada pelo Ministério do Turismo e pelo Banco do Brasil, a exposição “Ivan Serpa: a expressão do concreto” acontece nas quatro unidades do Centro Cultural Banco do Brasil. Na unidade de São Paulo, ela estará disponível de 03 de fevereiro à 12 de abril de 2021.
A proposta da mostra é navegar pelas diversas fases do trabalho de Serpa e apresentar sua versatilidade tanto pelos movimentos artísticos, quanto na técnica e linguagem através de 200 obras expostas ao público.
Com curadoria de Marcus de Lontra Costa e Hélio Márcio Dias Ferreira, a exposição nos dá a oportunidade de apreciar a diversidade do artista e seus trajetos pelas mais variadas expressões artísticas e séries como concretismo, colagem sob pressão e calor, mulher e bicho, anóbios (abstração informal), negra (crepuscular), op-erótica, anti-letra, amazônica, mangueira e geomântica.
A mostra começa pela fase gráfica de Ivan, sempre muito presente em sua obra. Definida pela linha, caligrafia, escrita e pela clara divisão espacial, essa seção traz anotações e/ou pequenas interferências em diversas superfícies. A série Op-erótica nos mostra uma certa obsessão onde a obra apresenta uma incrível meticulosidade e paciência para ser composta por milhares de micropontos em preto e branco.
Sua fase geométrica nos dá grande noção de como o artista não se limitava às normas impostas. Diferente da matriz europeia, sua geometria é menos rígida e horizontalizada. É possível observar um caráter antropofágico em sua chamada “geometria lírica”, onde há a abertura para uma interpretação e tonalidades brasileiras e suas raízes culturais.
Quando retorna de seu período na Europa, Serpa não mais se interessa pela abstração geométrica e busca cada vez mais a abstração informal. Com início tímido através de produções inspiradas em mapas e cartografias, essa figuração ganha caráter protagonista em suas séries Bichos e Mulheres e Bichos. Surge, assim, sua fase erótica e libidinosa, onde a animalidade humana mergulha no desejo carnal.
Sua fase Negra, que o artista preferia denominar de Crepusculares, dá início à queda do modernismo diante da miséria, fome e horror. Essa série se propõe a dar luz à ruina da utopia que o modernismo promovia. Suas pinturas impactantes, perturbadoras, misteriosas e, a cima de tudo, humanas, vislumbram nossos fracassos, medos e falhas.
No final de sua vida, quando se encaminhava para seus cinquenta anos, Serpa acabou por, de certa forma, juntar todas as suas experiências e fases. Voltando para a geometria, com seus círculos e quadrados, também produziu obras de forte simbologia. Com uma característica quase mística, suas paisagens geométricas se apropriavam do tropicalismo, com rosas, verdes e marrons amazônicos, dando evidência a sua apreciação pela cultura popular e suas raízes.