Qualquer outro assunto que trouxesse aqui não faria jus ao momento em que estamos passando. Então vamos comentar aqui hoje sobre toda movimentação que estamos tendo acerca do Plano Nacional de Imunização e das campanhas estaduais, que é o que de fato mexe com toda e qualquer expectativa que tenhamos para o curto e médio prazo. Todos temos anseio de voltar “à vida normal”, seja para trabalhar, seja para o laser, enfim, qualquer que seja a motivação, vamos primeiro entender o turbilhão de coisas que está acontecendo, as movimentações do nosso governo, e o que podemos esperar daqui para frente.
Vimos que durante esta semana tivemos propaganda sobre os esforços dos governos federal e estadual acerca da campanha de vacinação, tivemos aparecimentos em horário nobre, tivemos coletivas de imprensa e muitas falas importantes. Se são críveis, isso são outros quinhentos, mas que trazem polêmica, isso sem dúvidas, até mesmo considerando a falta de coesão entre o presidente da república e os governadores dos estados acerca das melhores ações a serem tomadas para conter o avanço da Covid-19.
O mês de março foi marcado pela crítica do presidente da república considerando a ação de isolamento social colocada pelos governadores. É sabido que Bolsonaro nunca concordou com esta atitude e até entrou com uma ação no STF para derrubar decretos de restrição à circulação estipulados pelos governos do Distrito Federal, Bahia e Rio Grande do Sul. Dentre todas as justificativas, o presidente acredita que os decretos violam a Lei de Liberdade Econômica. A contrapartida de Bolsonaro acaba sendo o incentivo aos remédios sem muita comprovação científica de eficácia. É a luta da economia versus saúde e isso tudo começou a se dar pela falta de um direcionamento do governo federal, que também passava por sua crise particular: a troca do ministro da saúde. O verdadeiro caos.
Bastantes discordâncias e a campanha de vacinação a passos lentos. Esta era e ainda é a maior cobrança de muitos para com o presidente da república. Até mesmo colocada pelo Ministro da Economia. Para Paulo Guedes a melhor maneira de retomada econômica é com a vacinação em massa, o que, aparentemente até o momento, está longe de acontecer. Contudo, como é usual desta colunista que vos escreve, vamos ao momento de otimismo: foi anunciada a vacinação para professores e policiais no estado de São Paulo. Não estou dizendo aqui que qualquer vida seja menos importante do que outra, contudo sempre acreditei que os agentes da saúde, os agentes da segurança pública, professores e comerciantes, deveriam ser os primeiros a serem vacinados, pelo simples fato de que eles são, em conjunto, atores importantíssimos para a retomada, não só econômica, mas também social.
Para esclarecer, tenhamos em mente o fato do “cerco da imunização”. Grosso modo, pensemos que um professor dê aula para quinze ou vinte alunos e este professor está imunizado com as duas dozes da vacina. Este professor deixa de ser um potencial transmissor da doença. Grosso modo certo? Imagine o aluno cercado de pessoas que foram vacinadas, o professor, o coordenador, e etc., podemos dizer que, consequentemente, este aluno está protegido. E neste caso, se professores e agentes da educação estiverem imunizados, as aulas podem retornar com muito mais segurança. Da mesma forma para com agentes da segurança pública. Aqui podemos usar um fato real. Há alguns dias o Governador do Estado de São Paulo, João Dória postou em seu perfil no Instagram uma ação feita pela da Tropa de Choque, ROCAM, Forças Táticas e GCM que impediu um baile funk de acontecer em Paraisópolis. Mais de 100 policiais participaram da ação. Agora pergunte-se, este contingente policial estava vacinado? Não, não estava. Ou seja, a ação a fim de conter a aglomeração, que por si já poderia ser um risco, foi agravada pela possibilidade de contágio dos profissionais que lá operaram. É com base na segurança destes dois agentes que entra a retomada social e econômica. Ainda bem que conseguimos dar este passo importante. A vacinação do grupo começa no dia 5 de abril.
Print da página do Instagram do Governador do estado de São Paulo, João Dória.
Print da página do Instagram do Governador do estado de São Paulo, João Dória.
Seguindo na linha otimista, antes de Pazuello deixar o Ministério da Saúde, ele autorizou o uso do lote de vacinas que estava destinado para a segunda dose. Isso considerando a previsão de entregas do Instituto Butantã e da Fiocruz, que conseguiram acelerar a produção de vacina, viabilizando a garantia da entrega aos estados pelo Ministério da Saúde. Esperemos os próximos passos, considerando a recente entrada do Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em um cenário para lá de hostil, na saúde e na política. De toda forma ainda tenhamos esperança! Ainda tem bastante gente trabalhando para o bem comum, deixando de lado a politicagem que esta doença se tornou.
Até termos ventos melhores, minha solidariedade às vidas perdidas e aos familiares que ficaram, cuidem-se. Máscara e álcool gel demais não fazem mal a ninguém! E ah, fiquem atentos aos cronogramas de vacinação, eles são feitos pelos governos dos estados, e não pelo governo federal, qualquer cronograma neste molde pode ser fakenews! Previnam-se!
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