Tudo o que você já viu num filme policial, especialmente os tradicionais clichês do gênero, estão divertidamente colocados em Cabras da Peste, longa dirigido por Vitor Brandt (Copa de Elite) para a Netflix. Mostra uma dupla de policiais diferentes ligados a uma operação para desbaratar uma organização criminosa que está contrabandeado rapaduras! Recheadas de cocaína, claro.
O primeiro personagem a se apresentar é o comissário Bruceuílis Nonato, feito com uma desenvoltura impressionante por Edmilson Filho, a mesma que ele levou para outra divertida comédia O Shaolin do Sertão. Batizado pelo pai com o ator do filme policial que ele é fã (Duro de Matar), Bruceuílis é o único policial da pequena cidade cearense de Guaramobim, que quer ver a lei sendo cumprida mesmo se para isso ele tenha que quebrá-la. Por isso, sua próxima missão é tomar conta de Celestina, a cabra que irá participar do Festival da Rapadura de Guaramobim.
O segundo é Trindade (Matheus Nachtergaele), um investigador de polícia de São Paulo que tem um medo danado de violência. Ele faz tudo para agradar a chefe da equipe, Capitã Priscila (Letícia Lima), que o colocou na linha de frente para prender um grupo de traficantes. Atrapalhado, ele não só coloca a vida de um colega em risco, como deixa os traficantes fugirem. Como resultado, ele é transferido para o depósito de carros roubados.
O caminho dessas duas figuras irá se cruzar, quando Celestina é raptada por um caminhão de transporte de rapadura que está indo para São Paulo. Ao chegar a São Paulo, Bruceuílis vai até o depósito, procurar pistas do caminhão de rapadura, conhecendo sua contraparte, Trindade. Não importa como eles conseguem ir juntos investigar o caso, o que acontece a partir daí mostra como um bom roteiro, pode abusar dos absurdos da história para criar divertidas tensões.
A dupla Edmilson e Matheus tem a mesma energia em cena que os lendários Oscarito e Grande Otelo, nas comédias que a dupla fez na Atlantida nos anos 40 e 50. Por mais atrapalhados que possam parecer, as falhas de um são compensadas pelas qualidades, às vezes exageradas, do outro. Como na sequência do restaurante onde eles encontram os traficantes e pistas de quem seria o chefe da quadrilha.
Essa é uma das surpresas do filme, que revela que o policial cearense está mais para Chuck Norris da série Walker Texas Ranger, do que Andy Samberg, da série Brooklin 99. Numa bela luta coreografada, Bruceuílis desce a lenha nos bandidos, mas não consegue uma vitória total. A cena do interrogatório é outro momento fora dos padrões, com o velho clichê do policial bom e o policial mal.
Daria para escrever muita coisa sobre as referências a filmes como Duro de Matar, Um Tira da Pesada ou Máquina Mortífera. Até mesmo a música de abertura é uma engraçada paródia à música principal de Um Tira da Pesada, The Heat is On, de Glenn Frey, Calor do Cão, interpretada por Gaby Amarantos. Aliás, o cantor Falcão, tem uma participação mais do que especial no filme, interpretando a paródia do vilão.
Cabras da Peste é um filme ingenuamente divertido. Tem boas piadas, bons momentos engraçados, especialmente os protagonistas se levando a sério como policiais. O desfecho é hilariante, especialmente com o que acontece com Falcão. Um filme que demonstra na prática que pode-se brincar com tudo, até mesmo com policiais em busca de justiça, com rapadura e muitas balas.
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Cabras da Peste
Dois policiais se unem para tentar desbaratar uma quadrilha internacional de traficantes de drogas que usam rapaduras para transportar a droga.
PROS
- Matheus e Edmilson tem que fazer um segundo filme.
- Falcão está o vilão canastrão perfeito.
- Rir é o melhor remédio contra idiotices.
CONS
- Pouca participação da Letícia Lima.
Análise da Avaliação
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Roteiro
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Atuação
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Elenco
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Direção & Equipe
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Som & Trilha Sonora
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Figurino
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Cenários