Os atributos que compreendem o ser revelam sua intercomunicação e a ação precisa que desempenham em cada indivíduo, possibilitando refletir melhor sobre as escolhas cotidianas. Sim, exatamente isso, consciências conectadas e em constante atuação até nos mínimos detalhes em uma rápida e complexa rede que reage às condições exteriores através de aprendizado, mas com certeza que vai sendo sistematicamente automatizado pela mente. O que importa exatamente no contexto da espiritualidade é compreender como essa relação se dá de forma harmônica e transformadora. Importante ressaltar que a consciência mental é o elo que filtra, recodifica e controla as ações, conectando as outras duas consciências.
Por isso a necessidade de auxilio terapêutico quando essas consciências entram em conflito e o individuo não consegue se reorganizar sozinho. Já deu um nó? Não? Com certeza? Não se preocupe porque mesmo os maiores cientistas tem dificuldade em catalogar e chegar a uma conclusão definitiva sobre o assunto. Acontece que a consciência espiritual não pode ser medida, quantificada, ou ate mesmo definida como existente como as outras duas, sendo muitas vezes definida por alguns estudiosos como parte da consciência mental, segundo o artigo de Leonardo Ferreira AlmadaI e Luiz Alberto Cerqueira:
“A fisiologia, em busca de algum elemento ou agente distinto no cérebro ao qual possa atribuir a responsabilidade pelos fenômenos da consciência, permanece incerta e imprecisa, reconhecendo a impossibilidade de se posicionar em relação à natureza da alma, e contentando-se em decretar o espírito como expressão meramente convencional”.
Mas partindo do principio da sua existência, como exatamente se da essa relação? Imagine que ao ser gerado, milhões de estímulos nervosos são transmitidos do corpo para mente para serem identificados, catalogados e guardados em forma de sensações. Nessa etapa a mente se resume a um pequeno ego primário que trabalha relacionando prazer e defesa com imensa intensidade. A consciência espiritual já se apresenta como uma bussola guardada a espera do amadurecimento, ou o primeiro despertar. Conforme corpo e mente se afinam com o espírito inicia-se a jornada terrestre onde a mente controla o caminho com base nas sensações relatadas pelo corpo e as impressões emanadas do espírito.
Quando existe conflito, cabe à mente encontrar o equilíbrio, mas o que ocorre quando o ego, como instinto de defesa, não aceita as orientações do espírito é o surgimento de uma tensão que se projeta sobre o corpo, sujeito as imperfeições adquiridas pela mente. Sim, vou traduzir. Como são consciências, todas sabem o que necessitam, mas a única que sofre ação da subjetividade é a mente humana. Quando a mente resolve seguir caminhos alternativos ao indicado pelo espírito, gerados por sentimentos de insegurança coletados por experiências mal interpretadas ou dolorosas, o resultado dessa ação causa confusão e podem acarretar novas frustrações, distanciando ainda mais do verdadeiro propósito existencial.
O corpo adoece, a mente adoece e o espírito sofre por se ver distante de sua real potencialidade. Perdem-se objetivos, mascaram-se sentimentos e cresce a sensação de opressão. A mente inquieta instiga o corpo a mais ações de prazer e se afasta da orientação espiritual novamente buscando outros rumos, na busca da sensação de satisfação. Um círculo vicioso ate que venha o segundo despertar: a reconciliação das consciências. Necessário entender que a mente não pode despertar por si só, uma vez que esta sujeita a sua subjetividade, e é somente quando esta se pacífica e se silencia, que ela se reconecta ao espírito reconhecendo e retomando seu propósito interior.
Salientando que o ego não é um mal para ser extinto, mas um indispensável veículo de defesa, um companheiro que toma a frente quando não temos coragem de aceitar, ou demonstrar nossas reais intenções ou sentimentos. Assim, a sombra não é invisível para os demais, mas uma face que deifica a existência, uma adoração ou culto restrito por um espírito separado e protegido do todo. Resta ao espírito despertar e assumir seu papel frente à jornada da vida, saindo da caverna que as sobras habitam e permitindo que elas descansem em sono profundo, gerando a real revolução solar existencial.
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