As luvas foram jogadas no chão. A meta não é mais encurralar o adversário nas cordas e tentar ganhar a luta por pontos. O objetivo é usar o juiz como escudo e atingir com um direto no queixo, jogando o oponente fora do ringue. Pode não parecer, mas a convencionada Guerra dos canais Streamings que começou com a criação do Disney+ em 2019, vem crescendo cada vez mais, aparentemente sem controle. Não é isso como se pode ver no mais recente episódio anunciado nos últimos dias pelo conglomerado de telecomunicações AT&T vendendo para a Discovery Network ao custo de aproximadamente 43 bilhões de dólares, parte da empresa incluindo a WarnerMedia, menos da metade do que gastou quando comprou a Time-Warner por 84 bilhões no ano passado.
Independente do negócio bilionário, o que surpreende é o que está por trás dessa decisão, uma briga direta e sem luvas contra Netflix e Disney, hoje dois dos mais vistos canais streamings no mundo. A primeira resposta na briga pelo interesse publico foi a Warnermedia, empresa criada depois da compra da Warner Bros, foi desenvolver o canal streaming do grupo, a HBO Max, cujo conteúdo é formado pelo acervo de filmes e series da Warner Bros e Warner Bros Television, da HBO, da DC Comics Universe, TNT e Cartoo Network.
Só esse conteúdo já garantiria um aumento considerável de assinantes no mercado americano, antes mesmo da empresa voar para fora dos Estados Unidos, como vai acontecer em junho com a estreia do canal HBO Max no Caribe e América Latina e, claro, o Brasil. Mas nessa briga, o conteúdo tem sido a peça fundamental para que o futuro assinante decida qual canal ter em casa. Tanto Netflix, com sua multiplicidade de conteúdos mundiais, como a Disney e suas franquia milionárias (Star Wars, Pixar, Marvel), tem sido o grande diferencial na opção do bolso do consumidor.
Curiosamente, é que a Netflix foi um dos principais parceiros dos grandes estúdios quando o canal streaming se tornou viável economicamente. Para quem não sabe, a Netflix começou nos Estados Unidos como uma grande videolocadora, entregando e buscando os DVDS alugados online pelos consumidores. Quando decidiu se transformar nesta locadora virtual e mundial, os contratos com os estúdios também visualizaram a distribuição do conteúdo para outros países. Tudo mudou no final de 2017, quando a Disney decidiu criar seu próprio canal streaming, tirando da Netflix e da Amazon, todos os filmes e séries que estavam sendo vistos nessas duas plataformas.
Se foi um caso de birra porque a Netflix estava faturando bem com o produto da empresa ou uma decisão estratégica para a Disney Company, não importa mais. Essa decisão foi a gota d’água que criou o tsunami dos novos canais que surgiram depois como a HBO Max, Peacock da Universal, Paramount + que substituiu o CBS All Access, e o mais recente que foi transformar o Fox Mais no Star+. Junte-se ao clube agora, o canal feito com o conteúdo do Discovery, que irá competir com todo o acervo do National Geographic que está na Disney.
De acordo com os termos do acordo, os acionistas do Discovery controlarão 71% da nova empresa, enquanto os acionistas da WarnerMedia deterão 29%, e com o canal já está batizado de Discovery Plus. O interessante nesta negociação são que os planos iniciais de instalar esse novo serviço streaming com muita força e urgência, fora dos Estados Unidos. O serviço ondemand (SVVOD) do Discovery já está funcionando no Reino Unido, Polônia e Europa Oriental, desde o ano passado, enquanto Índia, Japão, Espanha, Itália, países nórdicos, Holanda, Oriente Médio, Turquia e Arábia Saudita estão recebendo o serviço esse ano. Ainda esse ano, mas sem confirmação oficial, o Discovery ondemand chega ao Brasil, América Latina e outros países da Ásia.
Se inicialmente os planos da HBO Max era crescer no mercado americano, as novas estratégias estão vendo outros territórios como novas bases de assinantes. O Brasil, América Latina e Caribe são os primeiros territórios fora da América do Norte a receber o canal HBO Max. Segundo a Warnermedia, outros países europeus terão o serviço ainda esse ano, como Espanha, Europa Central, Portugal e Países Nórdicos, onde os serviços existentes da HBO Europe. Só na França, onde a HBO tem um acordo exclusivo com o grupo francês de streaming OCS, mas espera-se que no final do ano, quando o acordo acabar, HBO Max seja lançada como um serviço autônomo no país.
Quanto a expansão do Discovery Plus em outros territórios, tudo já está sendo planejado. O canal já está em operação na Índia e no Japão, enquanto a HBO Max ainda está para ser lançado na região. O mesmo deve se repetir no resto do mundo, mas antes, a nova empresa terá que fazer uma revisão interna para prosseguir, o que tristemente significa, uma onda de demissões, procedimento típico de fusões e aquisições. Resta saber também como ficará a relação com os canais pagos tanto nos Estados Unidos como fora do país. Os canais que fazem parte do Discovery incluem Discovery Channel, HGTV, Food Network, TLC, Investigation Discovery, OWN: Oprah Winfrey Network, Magnolia Network, Animal Planet, MotorTrend, Travel Channel e Science Channel.
Já dentro da WarnerMedia, o clima é descrito como sombrio, depois da divulgação da negociação entre a AT&T e o Discovery. Agora, a Warner Bros. e o resto da WarnerMedia ficarão “parados” durante um longo período, enquando dos departamentos jurídicos de ambas as companhias concluem o negócio. Ironicamentae, quem achava que estava seguro depois da compra pela AT&T, pode começar a se preocupar em atualizar seus currículos.
Que esses dois novos canais de conteúdo entram em cena para disputar o pequeno e economico bolso do consumidor, e não importa de que país, isso ninguém duvida. Se eles conseguirão se impor como canais preferenciais dos consumdores de conteúdo streaming, só o futuro poderá dizer. E acredite, é uma Guerra que está longe de terminar…
Depois do anúncio da fusão histórica, o Discovery fez uma apresentação virtual para acionistas do que está planejando para os próximos dois anos em termos de conteúdo. A empresa, já dentro da WarnerMedia, tem 20 bilhões de dólares para gastar em programação. O que ainda não se sabe, quando isso custará para o assinante.
Veja algumas novidades que estarão no futuro Discovery Plus:
Celebrity IOU: Joyride mostrando como as celebridades como Renee Zellweger, Mary J. Blige, Tony Hawk, Octavia Spencer, James Marsden e Danny Trejo, lidam com seus carros.
Drew’s Dream Car: como construir o carro de seus sonhos, com a ajuda do engenheiro Ant Anstead.
My Name is Bulger: documentário sobre os gansters James Whitey Bulger e seu Bill Bulger, trabalharam no senado estadual em Massachusetts por quase 20 anos.
Smartest Kids in The World: documentário sobre 4 adolescentes americanos que estudam no exterior em países que superam dramaticamente os Estados Unidos em educação.
Crescimento da geração: a missão de um educador no bairro novaiorquino do Bronx, Stephhen Ritz, em mudar os padrões de saúde e educação dos menos favorecidos.
Crutch: programa que narra a vida desafiadora da gravidade de Bill Shannon, um artista de renome internacional, dançarino de break e skate punk – de muletas.
Lily Topples the World: a história de Lily Hevesh, de 20 anos, uma influenciadora com mais de um bilhão de visualizações no YouTube.
No Responders Left Behind: documentário que segue John Feal, Jon Stewart e Ray Pfeifer, em sua luta para que milhares de trabalhadores de primeiros socorros que atuaram nos atentados de setembro e com doenças terminais recebessem os cuidados de saúde que mereciam. ]
40 Year Old Property Virgin: uma série que mostra as vantagens de continuar vivendo na casa dos país depois de adulto.
The House My Wedding Bought: O designer e especialista em imóveis Breegan Jane (Extreme Makeover: Home Edition) ajudará os noivos a enfrentar o conflito da casa dos sonhos.
Martha Gets Down and Dirty: novo programa com Martha Stewart mostrando seu know-how de jardinagem sazonal, dicas de estilo de vida e entretenimento de sua propriedade em Bedford, NY.
Cheap Old Houses: Ethan e Elizabeth Finkelstein, que tem mais de 1,5 milhão de seguidores, apresentando as casas antigas de baixo custo disponíveis nos mais distantes locais dentro dos EUA.
Selling the Hamptons: Acompanhe o trabalho diário de sete agentes imobiliário comprando, vendendo e alugando imóveis nos Hamptons, a região dos ricos e famosos da Costa Leste americana.
Fim de semana com Michelle Buteau: veja o dia a dia de Michelle Buteau, comediante, atriz, escritora, esposa e mãe amorosa de filhos gêmeos – e ela não tem um momento para si mesma há anos.
The Haunted Museum: série mostrando o acervo de vários museus que colecionam peças sobrenaturais.
Ghost Hunters: uma nova versão da conhecida série de caçadores de fantasmas.
Curse of the Chippendales: narra a história de como a famosa trupe de dança conquistou a fama, fortuna e várias mortes presas legado.
Chasing Ghislaine: Do produtor executivo e autor de best-sellers internacional James Patterson e da autora de best-sellers e jornalista do New York Times Vicky Ward chega a uma explosiva antologia sobre crimes que fizeram as manchetes dos jornais americanos.
Getaway Driver: Michelle Rodriguez coloca uma pessoa comum para viver a fantasia mais radical de todas, ser o motorista de uma fuga alucinada.
Estação de Acasalamento: um programa dedicado à Temporada de Acasalamento do Reino Animal.
Mountain Love : veja como cinco casais de grandes cidades convivem numa região longe da civilização. O relacionamento sobrevive a essa mudança?
Naked & Afraid of Love: que tal descobrir se sua namorada ou namorado está disposata a tudo para manter o relacionamento, mesmo vivendo totalmente pelado?
On the Roam: Jason Momoa (Game of Thrones, Aquaman, Duna) abriu seu próprio caminho em Hollywood, assumindo destemidamente novos desafios e papéis como artista. E ele segue essa mesma rota para encontrar outros como ele.
Serengeti II: A volta a uma das regiões mais belas da Tanzania.
Shark Academy: uma série que segue oito homens e mulheres que vão competir para garantir um cobiçado lugar na tripulação do cientista tubarão, a próxima grande expedição de mergulho com tubarões da Dra. Riley Elliott.
Quem quer ser astronauta?: Você já olhou para o céu e se perguntou como seria viajar para o espaço? É o que você vai descobrir nesta série que vai treinar uma pessoa comum para ir ao espaço.
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