Documentário. Uma rápida Googlada te levará às seguintes definições: que tem valor ou caráter de documento; filme informativo e/ou didático feito sobre pessoa[s] (ger. de conhecimento público), animais, acontecimentos (históricos, políticos, culturais etc.) ou ainda sobre objetos, emoções, pensamentos, culturas diversas etc.
A introdução se faz necessária. O que se espera quando assistimos a um documentário? Retratos, causos. Ou, numa boa analogia, “fragmentos da realidade, estilo mundo cão”, como já diria Alexandre Magno Abrão em uma de suas letras.
“Chorão: Marginal Alado” é o longa de grande apelo que conta a história de Chorão, o saudoso e explosivo vocalista do Charlie Brown Jr. Ao longo de 75 minutos de relatos de pessoas próximas, o que se vê é uma grande homenagem ao músico, que morreu repentinamente aos 42 anos.
Falo com a propriedade de quem viveu a fase de ouro do Charlie Brown Jr. Fui um adolescente que consumiu muito o rock nacional – a banda foi um marco. Chorão era o porta-voz de uma geração e causava muita repercussão por onde passava. Pensamentos, polêmicas, posicionamentos retumbantes… O documentário traz a linha narrativa clara de que Chorão era essa figura que permeava os principais acontecimentos do cenário musical da época.
Desta maneira, o que um fã de Charlie Brown Jr. espera, ele irá encontrar. Boas histórias, lembranças, imagens de bastidores… Tudo serve de apoio para construir a persona emblemática de Chorão. O filme segue um tom nostálgico e cativante que transporta para o fim dos anos 1990 e início dos anos 2000.
Até mesmo por esse caráter único, o vocalista era um personagem e tanto e ficam muitas lacunas a se preencher. Em vários momentos, “Marginal Alado” deixa em suspenso fatos extremamente relevantes que recheariam ainda mais o conteúdo peculiar sobre Chorão. Há muitas controvérsias que ficam em segundo plano ou sequer são mencionadas, o que dá a sensação de que foram evitadas. O fato se dá provavelmente ao fato de que o roteiro é baseado na narrativa de pessoas do convívio do cantor.
Há uma cena específica que transmite uma entrega sincera de Chorão e que mostra sua personalidade sem precisar do relato dos amigos (SPOILER A SEGUIR). Quando o vocalista encontra uma fã devota e a orienta a não comprar o seu CD e, sim, fazer o download para ouvir as suas músicas, é possível se deparar com um tom verdadeiro. Não é preciso um relato, o fato fala por si só. É dessa carência que o filme sofre essencialmente. Mais acervos como esses ou relatos contundentes trariam ainda mais riqueza sem necessitar tanto do uso de adjetivos.
Por longos minutos, é nas palavras do empresário Rick Bonadio, dos amigos ou de sua ex-esposa que Chorão é retratado. O fato traz clareza de quem foi o vocalista, mas faz com que a visão seja um tanto quanto parcial. Esse recurso pode ofuscar o conteúdo visceral de um documentário. É um risco a se correr numa narrativa tão singular quanto a história de um personagem como esse.
No geral, “Marginal Alado” entrega o que se propõe: um recorte objetivo de um dos principais artistas do rock contemporâneo nacional. É um triste desfecho infelizmente, ainda mais quando se aborda o término trágico também do escudeiro Champignon. Se é um bom filme de fato? Há controvérsias, tal qual foi Alexandre Magno Abrão.
Avaliação
Crítica | Chorão: Marginal Alado
Alexandre Magno Abrão foi um dos maiores nomes da música nacional contemporânea. O líder do Charlie Brown Jr. viveu a vida no limite e, em meio à polêmicas e conquistas, tornou-se a voz de uma geração.
PROS
- Sentimento de nostalgia e fidelidade à época
- Cenas raras e de bastidores
- Clareza de informações tornam o filme objetivo
CONS
- Escassez de histórias de impacto
- Relatos parciais nos depoimentos
- Controvérsias deixadas em segundo plano
Análise da Avaliação
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Roteiro
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Atuação
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Elenco
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Direção e Equipe
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Som e Trilha Sonora
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Figurino
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Cenários