Na última semana uma notícia surpreendente caiu como uma bomba em terras tupiniquins: o Brasil sediará a Copa América de 2021.
Argentina e Colômbia, os países sedes originais, alegaram a impossibilidade de realização do torneio em virtude, principalmente, da pandemia do COVID-19, tendo a Colômbia ainda o agravante de viver sobre protestos políticos de grande escala. Com isso, os dois países abriram mão da oportunidade de sediar o campeonato.
Com tais negativas, a CONMEBOL precisou ir atrás de alguém que aceitasse realizar o torneio faltando pouco mais de um mês para seu início, no meio da maior pandemia da história recente, com FINAL COM PÚBLICO. Essa tarefa pareceria hercúlea, talvez impraticável. Demandaria mobilização e negociações ímpares. Demandaria. Caso todos no continente já não soubessem o óbvio voluntarioso candidato a segurar tal “pepino” com tamanho entusiasmo: o Brasil do presidente Jair Bolsonaro.
Um e-mail respondido muito rapidamente
As reações foram imediatas. A internet estourou em críticas, figuras proeminentes de grandes veículos de informação fizeram desabafos que viralizaram em questão de minutos. E aqui é importante colocar que tanto Argentina quanto Colômbia, que negaram a competição devido aos problemas pandêmicos internos, possuem situação melhor que a brasileira. Mas logo veio o contra-ataque, e a trupe do “politicamente incorreto” fez a pergunta mais óbvia: mas não seria a mesma coisa dos demais jogos da competição?
A resposta, a princípio, parece ser positiva. De fato o futebol voltou a se realizar de maneira “normal” no Brasil tem praticamente um ano. Mas, há diferenças. A dinâmica de um torneio continental envolve grandes comissões estrangeiras entrando no país, jornalistas, torcedores. É um algo a mais criador de muitos problemas – e contaminação – para uma competição que, convenhamos, não é das mais relevantes. Sobre a final com público, possivelmente com milhares de estrangeiros adentrando o país, não há mais o que comentar. O absurdo salta aos olhos de maneira estridente.
Além disso, impossível deixar de notar a celeridade com que o governo brasileiro aceitou a proposta da CONMEBOL, uma questão de poucos minutos. Tendo em vista os mais de 50 e-mails com proposta de vacina ignorados durantes meses, parece incrível a diferença de produtividade. Talvez a equipe do governo federal responsável por esportes tivesse tido uma atuação melhor que as diversas equipes do Ministério da Saúde que passaram nesse último ano.
Último capítulo abre a possibilidade de boicote
Caminhando para a conclusão, até o presente momento há notícias de um possível boicote dos jogadores de várias seleções a competição. Motivado ou não pelo apelo do relator da CPI da pandemia, Renan Calheiros, Neymar parece encabeçar o movimento, junto ao técnico Tite. Jogadores de outras seleções também se manifestaram em tal sentido.
Caminhando para a conclusão, abro espaço para uma opinião pessoal: não acho que os jogadores brasileiros irão fazer questão de comprar uma briga deste tamanho. Todos sabemos que a maior parte deles nutre enorme simpatia pelo presidente brasileiro e a situação sanitária do Brasil se tornou política a muito tempo. Porém, será necessário aguardar os próximos capítulos, que devem sair muito em breve. Quem sabe o exemplo virá de onde menos esperamos.
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