Marcellus Campêlo, ex-secretário da Saúde do Amazonas pediu exoneração do cargo há uma semana, logo após o início das investigações da Polícia Federal (PF) na operação ‘Sangria’. Campêlo e outros integrantes do governo do Amazonas, assim como o governador do estado, Wilson Lima estão sendo investigados por contratação fraudulenta que favoreceu grupo de empresários locais para a construção de hospital de campanha. Lembrando que o governador deveria ter comparecido na CPI no dia 10/junho, mas recebeu do Supremo Tribunal Federal (STF) um habeas corpus e pôde não comparecer à oitiva.
Os pontos trazidos por Campêlo em seu depoimento:
CRISE DE OXIGÊNIO EM MANAUS:
- Campêlo alega ter entrado em contato com Pazuello no dia 07 de janeiro de 2020. O ex-ministro da Saúde, em seu depoimento alegou ter tido ciência da situação apenas no dia 10 de janeiro de 2021.
- Campêlo ainda disse que no mesmo dia (07/ jan), por volta das 23h45, enviou um ofício ao Min. da Saúde, solicitando apoio logístico para suprir a demanda. Também foram enviados documentos nos dias 9, 11, 12 e 13 de janeiro.
- Ainda, disse que mandou ofício em 31 de dezembro de 2020 solicitando presença ostensiva do Ministério da Saúde. Em setembro já se notava o crescimento internações na rede privada do Estado, mas foi apenas em dezembro que se percebeu “algo diferente”, com aumento de internações e casos mais graves.
O ex-secretário irrita os senadores ao falar que falta de oxigênio durou dois dias, entre 14 e 15/ janeiro.
COMPRA DE OXIGÊNIO:
- Campêlo disse que todos os editais de compra de oxigênio foram fracassados e não soube dizer quantas usinas de oxigênio foram compradas pelo Estado.
- O Senador Eduardo Braga (MDB-AM) comenta que nenhuma usina foi comprada com o dinheiro do Estado, e sim com o dinheiro do Município de Parintins.
- Em julho de 2020 a White Martins já havia alertado ser pouca a quantidade de oxigênio contratado. Ainda no mesmo mês, a empresa disse ser imperioso o aumento da compra de oxigênio em 25%. Em setembro de 2020 a White Martins reiterou o alerta para que o governo do Amazonas tomasse medidas preventivas imediatas. A White Martins ficou sem resposta.
TRATAMENTO PRECOCE:
- Campêlo disse ter visto ênfase de Mayra Pinheiro em relação ao tratamento precoce e o lançamento do app TrateCov, que recomendava o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19. Segundo Mayra, em seu depoimento, o app ela não havia sido lançado.
- Ainda comentou que a rede pública do Estado não indicava esse tipo de tratamento e explicou que o envio de cloroquina ocorreu porque os estoques estavam zerados, considerando o uso “para outras coisas”.
HOSPITAL DE CAMPANHA:
- Segundo Campêlo, hospital foi desativado quando acabou o contrato de locação.
- Um fato ainda é trazido pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM): o Estado contratou um hospital de campanha privado quando o hospital Delphina Aziz, da rede pública, tinha três andares sem operação.
OBS.: Desde ontem (14), movimentações foram vistas por parte do ex-governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, que pediu habeas corpus para o STF, nos mesmos moldes do governador do AM, Wilson Lima. Ambos investigados pela PF, pedem para não comparacer à oitiva, para que não gerem provas contra si. Lembrando que Witzel é investigado pela Operação Placebo, uma das primeiras a investigar esquemas de corrupção durante a pandemia. Foi dessa operação que Witzel sofreu impeachment na Assembleia Legislativa do Estado com 69 votos a favor do afastamento e nenhum contrário.
Durante a tarde de hoje (15), Witzel muda a postura e afirma que comparecerá à CPI da Pandemia de qualquer jeito, seja na condição de testemunha ou convidado, alegando não haver nada a esconder.
LOCKDOWN:
- Ao final do ano de 2020 e início de 2021, Wilson Lima, governador do AM, segundo Campêlo, por pressão popular revogou o decreto estadual 43.234 que determinava a adoção de medidas restritivas no estado.
APOIO DO GOVERNO FEDERAL:
- Segundo Marcellus, o auxílio logístico dado pelo governo federal, para o transporte do oxigênio não foi suficiente dada a demanda do Estado.
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