Antes de começar o texto, já digo: amo rock, principalmente nacional e britânico. Mas não suporto alguns comportamentos dos fãs do gênero. Sim, eu sei que nem todo roqueiro é assim, mas com certeza são os que mais enchem a paciência de todo mundo.
O rock não nasceu do Diabo. Pelo contrário, quem criou foi Sister Rosetta Tharpe, mulher negra, bissexual e evangélica que quis adicionar riffs de guitarras às músicas que tocava na igreja. Ela emplacou vários canções gospel de sucesso nos anos 30 e 40. Só com essas informações, já dá para perceber que o rock nasceu da diversidade de estilos e crenças. Elvis Presley nunca foi o real rei do rock. É um rei midiático e fabricado, mesmo que tenha sido bem talentoso. A verdadeira realeza do gênero é Sister Rosetta Tharpe e Little Richard.
Por isso, acho uma tremenda ironia (e desrespeito), roqueiros “tradicionais” serem reacionários e conservadores. O “contra tudo e todos” virou um clichê que agora é a favor do convencional e do negacionismo científico. Eric Clapton disse recentemente que está “sem amigos” por não acreditar na pandemia da Covid-19. James Hetfield, vocalista do Metallica, fala diversas besteiras há anos. A última é afirmando que é antivacina raiz e que não sabe se tomará a do coronavírus. Parece que o visual monocromático preto com camiseta de bandas, balançar a cabeça, falar besteiras sobre outros gêneros musicais, bandas novas e assuntos sociais são itens indispensáveis para ser roqueiro raiz.
Então, digo com toda a sinceridade: o rock precisa morrer. Precisa ter um espaço livre para os novos nomes do gênero, quebrar estereótipos, bagunçar tudo que está imposto sem gente teimosa colocando empecilho. O roqueiro se tornou o que mais temia: pessoas iguais às outras com medo do conhecimento, do diferente, de arriscar e de serem livres.
** É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita. O Jornal 140 não se responsabiliza pela opinião dos autores deste coletivo.