A cegueira é uma condição que impede a visão de uma pessoa e existem várias causas possíveis, como doenças oculares, acidentes, diabetes etc. Na maioria dos casos a cegueira é reversível, mas a ciência vem mostrando que mesmo para os casos irreversíveis há a possibilidade de fazer a pessoa ver novamente.
José-Alain Sahel, pesquisador líder do estudo, realizou suas atividades na GenSight Biologics (Paris). Para as experiências, Sahel selecionou pessoas com retinite pigmentosa, uma doença degenerativa que destrói células dos olhos capazes de captar a luz (células fotorreceptoras). O processo de tratamento que foi utilizado é conhecido como optogenética, na qual consiste no monitoramento da expressão dos genes e de disparos dos neurônios através de flashes de luz.
Para o melhor entendimento da terapia optogenética criada pela GenSight, é importante lembrar do funcionamento da visão. Na retina existem células fotorreceptoras que detectam a luz e, assim que a recebem, transmitem a informação para outra célula – células ganglionares da retina (CGRs) – a partir de sinais elétricos. As CGRs, por fim, enviam a mensagem para o cérebro. Nessa terapia optogenética, aplica-se uma injeção com vírus que carregam proteínas bacterianas sensíveis à luz. Os vírus transportarão as proteínas até as CGRs para que façam a função de detectar a luz na qual as células fotorreceptoras ausentes fariam.
Segundo Sahel, a parte mais complexa foi o tipo de luz que seria utilizado e a regulagem de sua quantidade, porque em uma retina comum as células fotorreceptoras são diversificadas e, consequentemente, capazes de captarem várias informações luminosas por produzirem uma gama de proteínas diferentes que são sensíveis a luz. Para tal situação, o pesquisador elaborou um óculos para otimizar o processo de detecção da luz pelas proteínas nas CGRs.
Após 4 meses da aplicação da terapia optogenética em um homem que estava por 40 anos cego, tempo para a internalização das proteínas nas CGRs, foi feito testes para analisar a sua visão. De acordo com os pesquisadores, a reação do córtex visual foi incrivelmente similar ao de uma visão comum. Figuras com contrastes grandes, como a faixa de pedestre no asfalto, foram imagens com maior capacidade de percepção. Apesar da dependência dos óculos, isso já mostra um avanço importante para a sociedade. Em outras empresas, existem estudos encaminhados para aplicar a terapia de forma que não precise dos óculos.
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