A natureza é o que mantém todos nós vivos, além de ceder os principais elementos para manutenção da vida, ela também trabalha incansavelmente para conservação e ciclagem desses elementos. A floresta, por exemplo, filtra a água que bebemos, pássaros e abelhas polinizam as plantações, sapos ajudam no controle de pragas, etc. Todos os estes com valor econômico e biológico. Isto é chamado de “serviços ecossistêmicos”.
A invasão, exploração e falta de cuidado com os ecossistemas ocasiona um colapso desses serviços, fazendo com que possa surgir doenças infecciosas, o que mostra a maioria das pandemias e epidemias de Gripe Suína, AIDS, Ebola, Nilo Ocidental, SARS, doença de Lyme, etc.
60% das doenças infecciosas que afetam os humanos são zoonóticas, ou seja, se originam em animais, e mais de dois terços desses são originários da vida selvagem, como os morcegos, que ao longo de milhões de anos coevoluíram juntos com o henipavírus. Devido a essa coevolução, os morcegos experimentam o equivalente a um resfriado, mas quando em contato com outros animais que não evoluíram junto a ele, pode ocorrer uma catástrofe.
Tomando como exemplo a pandemia causada pelo SARS-CoV-2, que é traduzida como Síndrome Respiratória Aguda Grave, o vírus se originou em Wuhan, China, onde os primeiros infectados tiveram contato com animais considerados exóticos, que serviam como hospedeiros para o coronavírus.
A crescente invasão humana aos habitats selvagens, principalmente em regiões tropicais, fez com que as doenças emergentes quadruplicassem na última metade do século. A chave para prever e prevenir a próxima pandemia, dizem os especialistas, é entender que não é preciso manter a floresta intocada e livre de pessoas, e sim aprender a fazer as coisas de forma limpa e sustentável. É preciso que haja manejo e responsabilidade no momento de exploração.
Na Amazônia, por exemplo, um estudo mostrou que um aumento no desmatamento em cerca de 4% aumentou a incidência de malária em quase 50%, pois os mosquitos que transmitem a doença prosperaram na mistura certa de luz solar e água recentemente desmatadas, afetando indígenas, madeireiros e garimpeiros.
Segundo especialistas, a saída para este problema é a criação de programas mundiais, envolvendo cientistas e outros profissionais, promovendo a ideia de que a saúde humana, animal e ecológica estão intimamente ligadas, e que precisam ser estudadas e gerenciadas de forma holística.
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