O cenário econômico brasileiro segue com expressiva incerteza, sobretudo devido ao agravamento da crise política e institucional, às expectativas acerca das eleições presidenciais de 2022, ao avanço de novas cepas da Covid-19 e ao tempo necessário para imunização da população. Adicionalmente, a deterioração do mercado de trabalho, o aumento da vulnerabilidade socioeconômica, o ainda baixo nível de atividades e as pressões inflacionárias são fatores que estão piorando expressivamente as condições de vida do conjunto da sociedade. Mesmo diante dessa evidente piora, não há a implementação, por parte da equipe econômica do Governo, de medidas econômicas adequadas, efetivas e céleres para enfrentamento de tamanha adversidade.
As pressões inflacionárias seguem afetando sobremaneira o poder de compra da população e a capacidade de recuperação da economia. O aumento das cotações internacionais da commodities e o câmbio em um patamar mais desvalorizado têm pressionado os custos de produção e do atacado. Além disso, a elevação dos preços dos alimentos, dos combustíveis e do gás de cozinha e a grave crise hídrica e seus desdobramentos para o setor de energia são fatores que estão pressionando ainda mais os custos para produção e para consumidores finais. Como consequência, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) geral de julho de 2021 acumulou, em 12 meses, aumento de 9%, sendo que o subgrupo Alimentação no domicílio registrou variação de 16%. Na mesma base de comparação, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) registrou uma variação ainda mais elevada, acumulando cerca de 34%.
A população brasileira, especialmente as famílias que convivem com queda na renda e falta de oportunidades de trabalho, têm sofrido um forte e negativo impacto devido ao expressivo aumento nos preços de sua cesta básica de consumo de subsistência. Essa situação tem resultado em queda do potencial consumo das famílias e aumento significativo da insegurança alimentar. De acordo com a Organização da ONU para a Agricultura e Alimentação (FAO-ONU), cerca de um quarto dos brasileiros, equivalente a mais de 50 milhões de pessoas, conviveram com situação de insegurança alimentar moderada ou grave entre 2018-2020. Adicionalmente, verifica-se um aumento da quantidade de pessoas que tiveram como única alternativa morar nas ruas.
Portanto, a expressiva elevação da inflação, combinada com o aumento da pobreza e da deterioração do mercado de trabalho, têm impulsionado, de forma célere, a vulnerabilidade social e a fome. Torna-se imprescindível implementar um conjunto de medidas econômicas para conter e reverter esse cenário muito adverso para grande parte da população brasileira.
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