No dia 13 de agosto, as praias do Arquipélago de Fernando de Noronha (PE) amanheceram cobertas por uma grande quantidade de óleo, situação igual ao ocorrido em 2019, onde afetou todo o litoral do Nordeste e parte do Sudeste. De novo a situação se repete, e de quem é a culpa?
A primeira coleta de óleo foi feita na manhã do dia 14, contando com a ajuda de biólogos e voluntários coordenados pelo ICMbio e pela Marinha. Foram retirados cerca de 181 kg de piche das praias do Leão, Caieiras, Sueste, Atalaia e Abreu. Somente do dia 15, foram retirados aproximadamente 400 kg de dejetos das praias.
As ações de limpeza contaram com a ajuda de mais de 50 voluntários, foram coletados no total 900 kg de óleo de cinco praias do Arquipélago de Fernando de Noronha, todas voltadas para o oceano Atlântico, banhadas pelo chamado “mar de fora”.
Dia 13 de agosto foi justamente o dia em que foi publicado neste Jornal, um texto sobre crimes ambientais e sua impunidade, onde foi citado o desastre com óleo em 2019, e novamente o desastre se repete, e como da primeira vez, os culpados não foram encontrados.
Amostras do óleo foram colhidas e enviadas para análise do Instituto de Estudos do Mar almirante Paulo Moreira e para a UFPE (Universidade Federal de Pernambuco. A pesquisa é direcionada para saber qual a origem do óleo e se tem relação ao derramamento de 2019, pois suspeitasse que o material seja antigo já que tem a consistência mais “seca”.
O Arquipélago de Fernando de Noronha tem origem vulcânica, sendo composto por uma ilha principal rodeada por diversas ilhas secundárias e rochedos emersos, possui extrema importância ambiental visto a sua vasta biodiversidade, tanto fauna quanto flora. Se encontra protegido sob a forma de um mosaico de Unidades de Conservação: a Área de Proteção Ambiental (APA) de Fernando de Noronha (1986) e o Parque Nacional Marinho – (PARNAMAR) de Fernando de Noronha (1988).
A riqueza ambiental associada ao esforço voltado à sua conservação conferiu a Fernando de Noronha, em 2001, o reconhecimento e tombo pela UNESCO como Patrimônio Natural Mundial da Humanidade. O Arquipélago possui várias espécies protegidas legalmente como a tartaruga verde, tartaruga cabeçuda, tubarão-limão, tartaruga oliva, tartaruda-de-pente, dentre diversas outras.
A perda ambiental foi, novamente, sem precedentes, vários animais foram encontrados mortos e embebidos de óleo. Até quando deixaremos que desastres como este aconteçam e os responsáveis continuem impunes? Nos resta cobrar dos órgãos responsáveis e do Governo Federal que trate com a devida importância e respeito a grande biodiversidade brasileira, que aos poucos estamos perdendo.
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