A entrada do canal Star+ trouxe a oportunidade de ver um dos melhores trabalhos já feito para registrar o impacto do atentado sofrido pelos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001. Utilizando todas as imagens geradas pelo tenebroso evento, a série da National Geographic 9/11 – One Day In America, traz depoimentos de várias pessoas que assistiram as tragédias de Nova York, sofreram com o que aconteceu, e sobreviveram para contar para outras gerações o terror sofrido naquele dia.
Enquanto os dois aviões que saíram de Boston em direção à Nova York eram tomados por terroristas, um grupo de jornalistas brasileiros começava aquela manhã tomando café no L’Hotel Porto Bay, na região da Avenida Paulista, num pequeno evento organizado pela HBO e o Warner Channel, para apresentar a nova grade de programação do canal e suas novas séries. Um dia que ficaria na mente desse grupo por muitos anos.
Tudo começou com a tradicional apresentação do diretor de programação do canal, falando nas novidades em séries que entrariam na nova grade até o final do ano. Como sempre acontecia nesses eventos, assim que terminava essa apresentação, eram exibidos alguns episódios das futuras séries. Quis o destino que a primeira série fosse Visões Noturnas (Night Visions), uma antologia de suspense e horror, apresentado pelo ator e produtor Henry Rollins. Todo episódio era dividido em duas histórias diferentes, com Henry introduzindo o espectador ao que iria acontecer a seguir.
O destino também escolheu o segmento A Lista de Passageiros, estrelada por Aidan Quinn (Da Magia à Sedução), para mostrar aos jornalistas, que ainda teriam que ver outros novos seriados da grade como Smallville, Off Center, The Agency, entre outras. A história, bem ao estilo da clássica Além da Imaginação, mostrava o investigador de acidentes aéreos Jeremy Bell (Quinn) tentando descobrir os motivos da queda de um avião e temendo que sua filha pudesse estar no fatídico voo.
Assim que o episódio foi apresentado, entra na sala o representante da Warner informando que o evento estava suspenso em função do acidente de avião que havia ocorrido há pouco, em Nova York. Ele sai da sala e o comentário geral que poderia ser uma brincadeira aproveitando o clima de tensão do episódio assistido. Infelizmente, não era.
Ao sair da sala, a primeira coisa feita foi tentar descobrir o que tinha acontecido. Procuramos um televisor que estivesse com sinal externo para ver algum canal de notícias, como a CNN. Para nossa surpresa, as imagens mostravam uma das torres gêmeas com sua ponta saindo fumaça. A transmissão era ao vivo de um prédio distante poucos quilômetros do local. Pouco tempo depois, a imagem mostrava outra explosão agora na Torre Sul. E o mundo veio à baixo.
As imagens daquele dia impressionam até hoje, mesmo através dos filtros realísticos da série documental da NatGeo. Detalhes que passaram despercebidos como as pessoas penduradas do lado de fora das torres e voando para a morte, são apresentados mais com um resgate de um momento da História do que se apropriar delas. Os depoimentos angustiados daqueles que estava naquele campo de batalha em Manhattan, temendo o fim dos tempos, marcam cada um dos episódios de 9/11 – One Day In America.
Saimos do L’Hotel e voltamos à nossa realidade. Uma realidade transmitida pela TV como o atentado contra os atletas de Israel, nas Olimpíados de Munique, em 1972. Uma realidade que faria pare da História da Humanidade como um ato radical extremista, visto com todas as suas nefastas cores naquele triste manhã de setembro.
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