A maconha (Cannabis sativa) é uma droga que, apesar de estar comumente associada a aspectos negativos e ao vício, apresenta diversos compostos com aplicações medicinais como possível alternativa para o tratamento de doenças neurológicas. O componente mais abundante na Cannabis sativa é o canabidiol (CBD), que atualmente é extraído do vegetal utilizado para a fabricação de fármacos. No Brasil, o CBD foi autorizado pela Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) para o tratamento contra a epilepsia. Hoje, pesquisas mostram outra possibilidade de aplicação do medicamento: tratamento para esquizofrenia.
Esquizofrenia, diferentemente da epilepsia, é uma psicose marcada pela perda da realidade, como delírios e alucinações, podendo acompanhar distúrbios cognitivos e motores. Em um estudo mostrou que o CBD ativa um receptor de serotonina – um dos neurotransmissores responsável pela sensação de bem-estar – proporcionando um efeito antipsicótico atuando de forma similar a clozapina, medicamento atual para tratamento de esquizofrenia.
Para uma melhor compreensão vamos analisar o funcionamento das células nervosas. O sistema nervoso é constituído de diversas células além do neurônio. Uma delas corresponde aos oligodendrócitos, responsáveis pela produção da bainha de mielina, capa de gordura que envolve uma parte do neurônio e que permite uma transmissão em saltos dos impulsos elétricos. Uma das possíveis causas do distúrbio seria a degradação da bainha de mielina, na qual foi contida pelo canabidiol.
Os resultados são bem promissores, mas ainda é necessário mais estudos para quantificarmos a eficácia, a possibilidade de prevenção contra esquizofrenia e segurança do medicamento. Os principais fatores limitantes são a dosagem do CBD, pois é necessário uma quantidade elevada para surtir efeito, e caso de uso indiscriminado do fármaco pode resultar em danos hepáticos, gastrointestinais e alterações de humor. No entanto, se a pesquisa der continuidade, o canabidiol poderia ser um substituto da clozapina e impedindo o seus efeitos adversos, como sonolência e aumento de peso.
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