A Toyota chegou à marca de 25 mil veículos do tipo híbrido flex comercializados no Brasil neste mês de outubro. O registro ocorre exatos dois anos após o início da comercialização do primeiro modelo equipado com a tecnologia, o Corolla sedã, e conta com o sucesso do SUV Corolla Cross em 2021. Estima-se que os veículos híbridos flex ajudaram a evitar que aproximadamente 5.870 toneladas de dióxido de carbono CO2 fossem emitidas na atmosfera.
A tecnologia híbrido flex combina três motores. Um à combustão flex, movido a etanol e gasolina. Os outros dois são motores elétricos, alimentados por meio de um sistema de freios regenerativos que acumulam a energia cinética, forma de energia resultante do movimento do veículo, gerada pelas frenagens e a transforma em energia elétrica. Não existe a necessidade de uso de fontes externas – aqueles totens de carregamento através de plugs.
O total de vendas de veículos híbridos flex comercializados pela Toyota ajudou a evitar que, aproximadamente, 5.870 toneladas de CO2 fossem emitidas na atmosfera nos últimos 24 meses. O valor de referência foi extraído do relatório de emissões veiculares do Estado de São Paulo, emitido pela CETESB, que considera o seguinte cenário: porcentagem de consumo de gasolina utilizada pelos proprietários/usuários de veículos flex (que é igual a 40%) e quilometragem média anual percorrida por eles (de cerca de 13.000 km a 14.000 km por ano).
Redução de CO2
Essa redução da emissão CO2 contribui para um menor acúmulo de gases poluentes na atmosfera. Isso ajuda a não agravar o efeito estufa, fenômeno em que alguns gases, como o dióxido de carbono, absorvem as ondas solares e refletem para a superfície terrestre em forma de radiação infravermelha, calor. Apenas uma parcela dessa radiação é refletida de volta para o espaço. Se a emissão de gases for descontrolada pode haver o agravamento desse fenômeno e consequentemente o aumento da temperatura no globo terrestre.
Caminho para a eletrificação completa ainda é complicado
Existe um esforço global em favor da maior adesão de veículos híbridos ou elétricos para mitigar os danos causados pelo efeito estufa. Especialistas apontam que é uma tendência entre as montadoras que cada vez mais apresentam projetos de emissão zero e a agenda de preservação ambiental de alguns países, sobretudo europeus. Contudo, o crescimento desse setor depende muito de incentivos governamentais.
No Brasil, a frota de veículos leves híbridos ou elétricos não chegava a 1% em 2020, segundo o estudo “O Caminho da Descarbonização do Setor Automotivo” encomendado pela Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. Em comparação, na Noruega os veículos elétricos representaram 53,4% dos carros vendidos em 2020, segundo o Conselho de Informação do Tráfego Rodoviário (OFV).
Esse cenário no país nórdico é possível devido aos vários incentivos governamentais. O país concedeu altos subsídios e isenções fiscais que tornaram a tecnologia mais acessível. Houve a expansão da rede nacional de estações de carregamento e o oferecimento de automóveis elétricos aos motoristas. Além disso, houve outros benefícios como desconto em estacionamentos, uso das faixas exclusivas de ônibus e isenções em alguns pedágios rodoviários.
No Brasil, apesar da crença de que, em 2035, 62% da frota de veículos leves será de carros eletrificados, segundo a Anfavea, o governo parece adiar o compromisso de redução das emissões de gases. Não há plano nacional de implementação dessa tecnologia, apesar de haver um incentivo discreto. Alguns estados, como o Ceará, isentam veículos elétricos de IPVA. Além disso, até o fim de 2021 os impostos para a importação de veículos elétricos estão zerados.
Preço de 150 mil Reais
Um dos problemas enfrentados no país é a falta de estrutura para o recebimento desses carros. Faltam pontos de recarga nas cidades, apesar da PLC 65/2014 que obriga as fornecedoras de energia elétrica a instalarem pontos de recarga que forem solicitados por proprietários de veículos do tipo. Alguns especialistas afirmam que essa infraestrutura deveria ser, primeiro, instalada nas construções governamentais e previstas nos novos projetos de construção e posteriormente readequar o que já existe para recebimento dos carros, porém não é o que observamos.
Por outro lado, existe uma dificuldade econômica na maior adesão por parte da população desses veículos. O preço mais baixo que se consegue pagar atualmente em um carro híbrido ou elétrico é R$150 mil. Além disso, seus compradores enfrentam caras manutenções das baterias e componentes específicos cuja a estrutura tecnológica brasileira é pouco adaptada. Esse produto se torna algo restrito a quem tem alto poder aquisitivo indo na contramão da desejada popularização desses carros pelo governo.
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