Quando o assunto são as abelhas a produção de mel é a primeira coisa que nos vem à mente. Mesmo possuindo uma grande importância alimentar, o mel é apenas uma singela produção, além de ser uma prática presente apenas em uma pequena parte dentre as 20 mil espécies de abelhas conhecidas. A maioria dos organismos dessa linhagem tem uma vida solitária e nem chegam a produzir colmeia. Muito além de tudo que imaginamos, esse grupo exerce uma função essencial e indispensável para nossas vidas, a polinização. Então, ao olhar uma abelha você já imaginou que depende dela para sobreviver?
A polinização consiste no ato de transporte do pólen das anteras (porção terminal da flor) de uma flor para o estigma (parte do aparelho reprodutor feminino) da mesma espécie ou espécies diferentes, em outros termos, a troca de pólen de uma estrutura masculina para uma feminina. Em alguns casos esse transporte é feito pelo vento, porém, em sua maioria de vezes, as abelhas se responsabilizam por esse trabalho.
Como esses insetos participam dessa polinização?
Enquanto buscam alimento nas flores esse pólen se prende facilmente em seus pelos, dessa forma esses pequenos grãos são levados de flor em flor polinizando-as, assim formando novas plantas e consequentemente formando mais sementes e frutos.
Por exercer essa função, as abelhas se tornam primordiais para o desenvolvimento da flora e alguns ecossistemas. “Nos climas tropicais, as florestas dependem em grande parte da presença das abelhas como polinizadoras”, comentou a bióloga da PUC – RS, Betina Blochtein.
Importância das abelhas para nós humanos
Em estudo produzido pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES) juntamente com a Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador (REBIPP), 80% das plantas presentes na alimentação dos seres humanos são polinizadas por elas, logo, sua salada de ontem, provavelmente, só estava ali por conta de uma abelha. Segundo Márcia Maués, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Amazônia Oriental, no cultivo de café esses insetos podem impulsionar não só a produção, mas também a qualidade do produto dando um melhor sabor e nutriente ao grão. Além de serem bastante utilizadas em programas de recuperação ambiental.
Quais os impactos da extinção?
Essa espécie possui funções primordiais e únicas para o desenvolvimento da flora mundial, logo, quantos menos abelhas menos fertilização, por conseguinte, menos plantas, menos biodiversidade, maior desequilíbrio ambiental. Além de afetar a biodiversidade, essa diminuição afeta diretamente a produtividade agrícola e a força econômica. Diminuição essa que é motivada pelo desmate, queimada e uso de agrotóxicos em áreas de habitat da espécie, causados pelo avanço do poder agrícola e pecuário. Fala da bióloga Betina Blochtein define bem esse conceito: “Muitas árvores dependem das abelhas. Se o sucesso reprodutivo diminuir, a vegetação vai mudar. A floresta vai ser substituída por uma vegetação mais herbácea. Elas coevoluíram juntas, em relações muito estreitas, se falta abelha, as plantas sofrem, e o inverso é verdadeiro. O sistema vai ficando mais enfraquecido, mais caótico, e acaba por mudar todas as relações entre os organismos, repercute na vida do ser humano, naquele ambiente e na terra como um todo.”.
Maneiras de preservação
• Incentivar programas e projetos contra o desmatamento;
• Aprimorar as leis sobre uso de agrotóxicos e pesticidas;
• Adotar costumes diários para aumentar o desenvolvimento da espécie;
• Ter um jardim, cultivar plantas, construir pequenas casas;
• Evitar uso de produtos tóxicos para espécie, usar produtos à base d’água;
• Consumir produtos orgânicos;
• Promover a produção de corredores agrícolas;
• Conservar e restaurar habitats afetados;