Hoje trago à vocês o professor Carlos Henrique M. Kayo, atualmente professor de matemática, numa entrevista sobre a educação brasileira nesse período de pandemia.
Atualmente você trabalha em quantas escolas e períodos? Você trabalha em instituições privadas e/ou públicas?
Atualmente trabalho em duas escolas de rede privada e em dois períodos.
A(s) escola(s) em que trabalha sofreu quais adaptações para o ensino a distância (EAD) na pandemia? Teve um grande suporte das escolas para tal adaptação?
Assim como muitas instituições, usamos a plataforma do Google pra ministrar as aulas. Tivemos um suporte grande da escola, com vídeos explicativos para uso de ferramentas, feito pelo coordenador da parte tecnológica.
Você teve dificuldade em se adaptar ao novo método? Como você diria que foi essa adaptação tanto para o corpo discente quanto ao corpo docente?
Tive uma grande dificuldade no começo, pois não sabíamos como funcionariam essas aulas remotas e não tive nenhuma experiência como essa antes. Então não sabia muito bem o que esperar. Outro fator foi a opção escolhida para ministrar essas aulas, qual a melhor maneira, aplicativo ou plataforma que poderia ser utilizado para maximizar o ensino aos alunos. Em relação à parte estudantil, sinto que houve bastante dificuldade de adaptação no começo, logo no início da pandemia, pois era novidade para a grande maioria e não estavam preparados para esse tipo de ensino.
Quais são as vantagens de desvantagens do ensino EAD? E do ensino híbrido?
Vantagens do ensino EAD que pude sentir foi a facilidade de demonstrar certos conteúdos e conceitos através de vídeos, aplicativos, etc. que antes ficaria difícil de fazer na lousa e os alunos interagirem como foi no ensino remoto.
Desvantagem foi o fato de não saber se os alunos realmente estavam aprendendo, pois muitas vezes não mantinham a câmera do computador ligada para sabermos se eles realmente estavam presentes nas aulas.
No ensino híbrido foi notável a melhora no desempenho da maioria dos alunos, tendo reconhecimento disso pelos próprios. Foi algo que passei durante uma aula presencial, com alguns alunos presentes. Disseram que em casa não seria possível aprender e focar tanto como na escola e que estava fazendo muito bem para a sua aprendizagem.
Você sente um declínio na qualidade da educação estando na linha de frente em contato direto com os estudantes?
Com certeza sinto esse declínio na qualidade, pois muitos alunos não deram a devida atenção ou foco nos estudos durante as aulas remotas e isso é perceptível agora na volta às aulas presenciais. Os alunos estão com dificuldades que envolvem conteúdos de anos anteriores que não foram estudados ou ignorados pelos mesmos.
Como tem sido nesses dois anos de pandemia trabalhar na educação com todo o contexto da desvalorização do professor?
Confesso que tem sido desafiador e me faz pensar sobre dar continuidade na profissão. Estamos tendo pouco incentivo e valorização com o tempo. Podemos perceber esse fato nas universidades que possuem graduação em licenciatura, pois a procura por esses cursos tem diminuído com o passar dos anos.
Como você vê o futuro da educação brasileira?
É algo que me preocupa, pois vemos a defasagem ao longo do tempo. Se não houver um incentivo maior, tanto na parte de infraestrutura escolar quanto acadêmica, teremos uma educação cada vez pior.
Você acha que as escolas deveriam inserir mais a tecnologia no sistema de ensino e em suas metodologias?
Sim e uma prova disso foi o ensino remoto. Os alunos de hoje estão muito ligados e conectados com a tecnologia e nada melhor que associar isso ao ensino, pois desperta o interesse deles e torna a aula mais interativa. Tenho trabalhando comigo excelentes profissionais da área de tecnologia que citam essa facilidade dos alunos de hoje em mexer com aplicativos, sites, etc. Seria uma forma mais atrativa de despertar o interesse pelos estudos do que apenas os livros pedagógicos e de apoio.
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