Como já foi citado no texto Ecologia de doenças, pandemias mundiais vêm se tornado algo frequente devido a má gestão ambiental, exploração e invasão a ecossistemas, pois cerca de 60% das doenças infecciosas que afetam os humanos são zoonóticas, e mais de dois terços advindos de animais selvagens.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou no dia 13 de outubro, na revista Science, a criação de um Grupo de Aconselhamento Científico Sobre as Origens de Novos Patógenos. A ideia é montar uma força-tarefa para desvendar de vez a origem da atual pandemia do coronavírus e monitorar o surgimento de novas doenças em todo o mundo.
É usado um termo chamado “doença X” para descrever a próxima grande pandemia, pois não é uma questão de “se” e sim “quando” surgirá uma nova pandemia que afetará a humanidade. Os especialistas destacam no artigo publicado que “Até o momento pelo menos 4,8 milhões de pessoas morreram de covid-19. Eles e seus familiares merecem respostas sobre onde e como esse vírus se originou. E essa informação é interesse de todos, pois precisamos estar melhor preparados para a próxima doença X”.
Na prática, o trabalho de “caçar vírus” acontece tanto em campo quanto em laboratório, os cientistas costumam acompanhar mais de perto algumas espécies de animais, que sabidamente carregam agentes microscópicos com potencial danoso à saúde humana.
Os principais alvos da pesquisa são as aves migratórias, pois podem levar novos vírus de um canto ao outro do Planeta, porém, além desses animais, são monitorados também primatas, roedores, mosquitos e, claro, os morcegos.
A virologista Helena Lage Ferreira, co-coordenadora da rede PREVIR-MCTI e professora da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, chama a atenção para a enorme variedade de morcegos que existem e da diversidade de vírus desconhecidos que esses animais carregam.
De acordo com especialistas, existe uma grande probabilidade de que a próxima crise de saúde seja causada pela influenza, o causador da gripe. Os hospedeiros para este vírus são as aves migratórias, que, quando em contato com as aves locais como galinhas e patos, propagam o vírus que facilmente chegará aos humanos.
Um dos locais com a maior chance para surgimento de vírus é na Ásia, devido a grande densidade populacional e a alta criação de aves e suínos. A boa notícia é que as agências internacionais de saúde, como a OMS, parecem ter um planejamento mais elaborado para conter essa futura ameaça, como um plano de contingência, envolvendo a rápida produção de vacinas.
Infelizmente, pandemias e epidemias se tornarão cada vez mais comuns, o Ser Humano cava a própria cova a cada árvore derrubada, a cada hectare de floresta que vem a ser substituída por pasto. Se quisermos reverter, ou pelo menos atrasar a próxima pandemia, é preciso repensar sobre nossas ações de consumo e cobrar das autoridades práticas exploratórias responsáveis, afim e diminuir ao máximo impactos aos ecossistemas.
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