O plástico tem se tornado o maior problema do século 21. Por ano, é produzido um total de 400 milhões de toneladas de plástico, e os sistemas de reciclagem não comportam tanto volume de resíduos. Desde 1950, mais de 9 bilhões de toneladas de plástico foram produzidas, e apenas 10% desse valor foi reciclado.
O plástico em tamanhos normais já é um enorme problema que afeta todo o Planeta, porém, o que vem se tornando mais preocupante é o plástico que não conseguimos ver. Quando degradado por ações externas, como água, microrganismos e a luz do sol, o plástico é reduzido a micropartículas, denominadas microplásticos.
Devido ao tamanho reduzido, o microplástico se infiltra em todas as cadeias alimentares, sendo utilizado como alimento até por microrganismos. Como o Planeta trabalha em conjunto, não demoraria muito para que esse plástico voltasse para nós.
Um estudo apresentado em um congresso de gastroenterologia em Viena, Áustria, contou com a participação de 8 voluntários, que durante uma semana tiveram que anotar tudo o que comiam e bebiam, descrevendo se o alimento era fresco ou não e o tipo de embalagem da comida. Depois disso, pesquisadores da Universidade Médica de Viena e da agência estadual do meio ambiente do país dos Alpes coletaram amostras de suas fezes.
Os pesquisadores encontraram 20 microplásticos para cada 10 gramas de matéria fecal. Os mais comuns eram o propileno, presente em embalagens de sucos e leite, e o PET, com o qual é feito as garrafas plásticas. “É o primeiro estudo deste tipo e confirma o que suspeitamos há algum tempo, que os plásticos chegam ao intestino“, disse em nota o gastroenterologista e hepatologista Philipp Schwabl, da Universidade Médica de Viena.
A questão que falta ser respondida é: qual a quantidade de plástico ingerida que o corpo humano pode aguentar? Os riscos se apresentam de dois métodos, o impacto da presença física das partículas de plástico e a toxicidade de seus componentes químicos.
Em um estudo que avalia os microplásticos no mar e seus possíveis riscos p ara a saúde humana publicado pela Universidade de John Hopkins (EUA), estima-se que o corpo humano pode ingerir até 37 partículas de de plástico por ano advindos do sal marinho, e uma pessoa que gosta de frutos do mar pode comer até 11 mil partículas em um ano.
A arrogância e prepotência do ser humano o fez esquecer que não há saída no Planeta Terra, tudo que é jogado fora, um dia volta para nós. A produção desenfreada causou um superavit de lixo que levará décadas para ser controlado, ou nunca será. O que nos resta é prevenir que ainda mais seja descartado, repensando nossas ações de consumo e trabalhando coletivamente com as empresas responsáveis por grades descartes de lixo na natureza.
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