Desde a Resolução 60/7 de 1 de novembro de 2005 proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, o dia 27 de janeiro é considerado o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.
A data foi escolhida por relembrar a libertação do complexo de campos de concentração e extermínio de Auschwitz, ocorrida em 1945.
Elie Wiesel, um dos sobreviventes do Holocausto e ganhador do prêmio Nobel da Paz, dizia que “esquecer os mortos é o mesmo que matá-los uma segunda vez”.
Mesmo que tenham se passado 7 décadas após a data que expôs ao mundo mais fortemente a lista de crimes cometidos durante anos contra seres humanos naquele contexto histórico, ainda hoje, não só as vítimas, mas também as lições sobre como impedir que novas vítimas sejam feitas pelos mesmos crimes, estão sendo esquecidas.
Cada vez mais, casos de crimes inspirados em ideologias extremistas e supremacistas aumentam constantemente.
Só no Brasil, de acordo com dados da Polícia Federal, divulgados no ano de 2021, os casos denunciados de apologia ao nazismo cresceram 900% em relação ao começo da última década.
São pessoas que compartilham mensagens de ódio, manifestam discursos preconceituosos, discriminatórios e violentos contra indivíduos ou grupos inteiros apenas pelo fato deles possuírem alguma característica étnica, racial, religiosa, sexual ou de identidade, julgada, ignobilmente, inferior por esses perpetradores, o que caracteriza crime federal segundo a Lei 7716/89.
Mais do que isso, são grupos organizados que promovem massivamente informações falsas, negacionistas, atos digitais e físicos premeditados de ataques contra outros seres humanos no Brasil e ao redor do mundo.
Grupos fanáticos, neonazistas, racistas, homofóbicos, transfóbicos e misóginos compõem alguns dos mais intolerantes supremacistas e extremistas que participam de atos progressivamente mais violentos.
Em 2017, a Manifestação Unite the Right (Unir a Direita) realizada em Charlottesville no estado da Virgínia nos EUA, durante o mandato de Donald Trump, chocou o mundo com a quantidade e com a impetuosidade dos apoiadores do ódio que fizeram parte do movimento.
Havia jovens marchando, empunhando bandeiras nazistas, tochas e proclamando discursos segregacionistas e antissemitas. Houve atropelamentos, gritos e atos de agressão ao longo das ruas da cidade.
Em 2021, a Invasão do Capitólio dos Estados Unidos, incitada pelo ex-presidente Donald Trump causou o que foi chamado de maior ataque à democracia americana. Pessoas depredaram edificações, levaram bombas, agrediram umas às outras, publicamente ou às escondidas, em meio a placas e bandeiras com dizeres fascistas e extremistas, e uniformes que buscavam esconder suas identidades ou justamente identificar o grupo ao qual participavam.
Ao longo de tantas ondas de intolerância e guerras travadas pelos anos, muitas pessoas ignoram cada vez mais as atrocidades e os aprendizados, e continuam a seguir para uma nova leva de crimes massivos e chocantes.
Os campos de concentração e extermínio, por mais que representem um dos piores pilares do Holocausto, não foram o início do processo de dor e extermínio contra outros seres humanos. Antes de se chegar a esse ponto, que foi chamado pelos nazistas de “Solução Final para a questão judaica”, se passaram anos compostos por retirada de direitos políticos, sociais e econômicos que segregavam diversas populações.
Políticas de exclusão, informações e notícias falsas (fake news), não atendimento ou acolhimento de minorias por parte das autoridades e movimentos de incitação ao ódio são algumas das “pequenas” peças que afetam o cotidiano e que não são percebidas como os grandes motores que impulsionam para os piores resultados.
Escrito por Jonathan Greenblatt, atual presidente da ADL (Liga Antidifamação), o livro “It Could Happen Here”, disponível apenas em inglês até então, é um compilado da investigação e das reflexões atuais e históricas que demonstram como e o porquê de sistemas perpetradores de ódio e violência serem passíveis de repetição agora e no futuro, mesmo que em diferentes países e eras.
Contudo, as análises expostas também reforçam como esses novos acontecimentos que podem evoluir a um nível que choque mais intensamente as sociedades futuras também podem ser evitados hoje.
Sejam pessoas do alto escalão geopolítico até comuns integrantes da sociedade atual, a busca por informações oriundas de instituições oficiais e confiáveis, a análise baseada em fatos comprovados e a reflexão colaborativa composta pelo bom-senso harmonioso, abrangendo diferentes indivíduos sem intolerâncias radicais e injustificáveis, podem reduzir a ignorância e o ódio provocado por ela e por notícias falsas.
Da mesma maneira que o monitoramento por crimes dessa conjectura devem continuar e se intensificar, o letramento histórico, político e social que pode conscientizar sobre o quão erradas e prejudiciais são as atitudes que podem incitá-los deve ser incentivado.
Relembrar das vítimas de crimes de ódio, de direitos humanos e conhecer as lições daqueles que sobrevieram e pregam contra sua inflamação são os passos iniciais para impedir que eles tornem a acontecer.
Abaixo, os links dos portais de algumas dessas instituições e organizações oficiais que ensinam sobre o assunto:
- https://www.museudoholocausto.org.br/faq | @museudoholocausto
- https://www.memorialdoholocausto.org.br/ | @memorialdoholocausto
- https://news.un.org/pt/tags/holocausto
- https://www.adl.org/ | @adl_national
- https://www.yadvashem.org/ | @yadvashem
- https://aboutholocaust.org/pt/
- https://www.hrw.org/pt