No final de dezembro de 2021 o Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado) aprovou a peça orçamentária para 2022 com uma correção inflacionária de 10,18%. Entretanto, a inflação do ano fechou em 10,06%, representando uma diferença de 0,12% entre a estimativa e a real inflação do período.
Esses 0,12%, por sua vez, se convertem em uma verba de aproximadamente R$1,8 bilhão a mais para cada um dos três poderes, de acordo com a Folha de São Paulo.
Isso significa que, em um ano eleitoral, no qual o atual Presidente da República Jair Bolsonaro busca reeleição, o Poder Executivo – representado pelo Presidente da República – disporá de uma verba R$1,8 bilhão maior.
A campanha de Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão em 2018 foi marcada por uma grande difusão de fake news, principalmente em grupos de mensagens instantâneas como o WhatsApp. Em outubro de 2018 o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) arquivou duas ações eleitorais que objetivavam a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão por disparos de mensagens em massa ainda durante o período eleitoral.
Para este ano de 2022, o Poder Executivo contará com esta verba extra de R$1,8 bilhão em função da correção do teto de gastos, que poderá ser utilizada, entre outras formas, para o impulsionamento de sua campanha à reeleição.
Apesar da reprovação de aproximadamente 55%, Bolsonaro ainda possui uma base de apoio variando entre 20%-22%, de acordo com o Jota. Ademais, o TSE segue, sem sucesso, tentado notificar e contatar a sede do Telegram – aplicativo de mensagens instantâneas similar ao WhatsApp – quanto às legislações brasileiras de campanha.
Diferentemente do WhatsApp, o Telegram permite o disparo de mensagens em massa sem limite de encaminhamentos, comporta grupos de até 200 mil pessoas e modera apenas atividades consideras terroristas. De acordo com Fernando Neisser para o Jota, as estratégias de disseminação de desinformações utilizam ambos os aplicativos.
A informação inicial é espalhada em grupos fechados de militantes no Telegram, por exemplo, e, a partir daí, esses militantes disseminam a informação via WhatsApp, fazendo com que seja mais difícil identificar a origem das notícias, sejam elas verdadeiras ou falsas.
A falta de colaboração do Telegram com o TSE e o aumento de verba orçamentária para os três poderes pra o ano de 2022 poderão ser capazes de impulsionar campanhas eleitorais baseadas em desinformação e encaminhamento de mensagens em massa como ocorrido em 2018, apesar dos precedentes criados pelo TSE ao rejeitar a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão e ao cassar o mandato do deputado estadual Fernando Francischini (PSL-PR) por disseminação de notícias falsas sobre as urnas eletrônicas.
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