Não é novidade que o meio ambiente é essencial para a sobrevivência do ser humano, portanto, a preocupação com a conservação dos ecossistemas é imprescindível. Atualmente, estamos passando por um momento crucial para o nosso futuro e do meio ambiente, notícias como desmatamentos exorbitantes, poluição extrema e o aquecimento global vem sendo cada vez mais comuns dando a certeza de que o planeta precisa de cuidados com urgência.
Em 2009, um grupo internacional de cientistas, liderado pelo sueco Johan Rockström, do Stockholm Resilience Centre (SRC) definiu os chamados “limites planetários”. Para o SRC, limites planetários são os limites ambientais seguros pelos quais a humanidade pode se desenvolver sem quebrar o equilíbrio natural, ou seja, sem que os impactos causados sejam irreversíveis. Esses limites levam em conta a taxa de resiliência do planeta, ou seja, a sua capacidade de retornar ao seu estado natural após uma perturbação.
Com base nesse estudo, foram definidos nove limites essenciais para manter a estabilidade da Terra. Os limites foram delimitados por área de atuação segura, e área de risco. Os cientistas destacam que é importante que não cruzemos as fronteiras de riscos para que a humanidade possa prosperar por gerações.
Mas, quais são os limites do planeta?
1. Mudanças Climáticas
Já sabemos que desde a Revolução Industrial, a temperatura global aumentou em 1,1Cº, sendo esse aumento o responsável pelos eventos climáticos que vem ocorrendo pelo mundo como secas e inundações. De acordo com a organização das Nações Unidas (ONU), hoje temos cinco vezes mais desastres meteorológicos do que em 1970 e eles provocam custos sete vezes maiores do que naquela época. E atualmente, é um dos limites ultrapassados, em 2021 a COP 26 reuniu vários países para discutir a questão climática e buscar uma solução.
2. Integridade da biosfera
É a perda da biodiversidade e a extinção das espécies, esse processo já é considerado zona de alto risco, aumentando as chances de mudanças irreversíveis em grande escala. Pesquisadores acreditam que estamos caminhando para a sexta extinção em massa da história do planeta.
3. Mudança de uso do solo
O uso do solo é outros dos limites já ultrapassados e consiste na transformação de florestas, pastagens, pântanos, entre outros tipos de vegetação, em área para agricultura e pecuária.
4. Ciclos Biogeoquímicos
É o quarto limite ultrapassado e engloba os principais ciclos do fósforo e nitrogênio. Apesar de essenciais para o crescimento das plantas, seu uso excessivo em fertilizantes as coloca em zonas de risco. Além disso, parte do fósforo e do nitrogênio aplicados às plantações são levados para o mar, onde empurram os sistemas aquáticos para cruzar seus próprios limites ecológicos.
5. Degradação da camada de ozônio
O único processo o qual a humanidade agiu a tempo com a redução do ozônio na estratosfera. Há 30 anos atrás o mundo inteiro concordou em banir os clorofluorcarbonos (CFCs), substâncias químicas que estavam causando um “buraco” na camada de ozônio.
Sem camada de ozônio os riscos vão desde a multiplicação de casos de câncer de pele à danos irreversíveis no meio ambiente. Depois do Protocolo de Montreal, o ozônio estratosférico vem se recuperando, o que hoje nos permite ficar calmos dentro da zona segura para esse processo.
6. Uso de água doce
Apesar de estar em uma área considerada segura, a humanidade vem avançando rapidamente para a zona de risco. O percentual de água doce é de 2,5% e está diminuindo principalmente devido à pressão crescente da agricultura para produzir cada vez mais alimentos.
7. Acidificação dos oceanos
Nos últimos 200 anos, a água do oceano tornou-se 30% mais ácida, essa acidificação provoca o branqueamento dos corais e consequentemente, sua morte. Esse limite ainda não foi ultrapassado, mas está chegando perto, porém, se as metas de mudanças climáticas ratificadas na COP26 forem cumpridas, o pH do oceano será mantido sob controle.
8. Carregamento de aerossóis atmosféricos
É importante mencionar que neste limite, não existe uma linha base por ser um processo relativamente novo, portanto os cientistas não sabem como medi-los. São partículas microscópicas geradas principalmente pela queima de combustíveis fósseis, mas também por outras atividades, como incêndios florestais.
9. Novas Entidades
São elementos ou organismos modificados por humanos, podemos citar como exemplo materiais radioativos, microplásticos e até CFCs que são as substâncias químicas proibidas para salvar a camada e ozônio. Este limite é um processo novo assim como o carregamento de aerossóis, portanto, não possui uma linha base.
Todos esses processos são importantes quando individualizados, mas, é necessário vê-los como um todo. Impactos significativos em um aspecto podem causar danos em outra. A agricultura que é considerada uma mudança de solo pode trazer consequências para os ciclos biogeoquímicos devido ao uso de fertilizantes e agrotóxicos que afetam os ciclos do fósforo e do nitrogênio, causando a eutrofização.
O desmatamento, também considerado uma mudança de solo, pode afetar na biodiversidade das espécies algumas podendo entrar em extinção, entre outros. Os limites estão interligados, e para quem quiser saber mais sobre esse estudo pode ver em um documentário recente da Netflix chamado “A Terra no Limite: A Ciência do Nosso Planeta”.
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