A origem do Dia Internacional da Mulher está relacionada a um conjunto de movimentos reivindicatórios por condições dignas de trabalho às mulheres e contra o trabalho infantil, entre o final do século XIX e o começo do século XX. Como destaque desse período, pode-se citar o protesto que ocorreu em Nova York em 1909, que reuniu mais de 15 mil mulheres nas ruas, lutando por melhores condições de trabalho, a Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, em que a jornalista alemã Clara Zetkin propôs a criação de um dia das mulheres e o incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist Company em 1911, que fez 146 vítimas, entre elas 125 mulheres. O 8 de março foi oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) mais tarde, em 1975.
Tantos anos mais tarde, o 8 de março se faz tão necessário quanto urgente. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 2020, a diferença salarial média, entre mulheres e homes, era de 14%, em 115 países analisados, podendo ser ainda maior em profissões ocupadas historicamente por homens. Segundo o Banco Mundial, para 2,4 bilhões de mulheres no mundo, em idade produtiva, não existe igualdade de oportunidades com os homens na economia e 178 países ainda mantêm barreiras legais que evitam a completa participação econômica feminina no mercado de trabalho.
As desigualdades e barreiras ultrapassam o mercado de trabalho e passam pelo acesso à educação e continuidade dos estudos, acesso aos serviços de saúde e serviços públicos, abusos e violências contra às mulheres, paridade na representação política, entre outros. Sobre esse último ponto, no Brasil, as mulheres representam apenas 15% do Congresso Nacional, mesmo sendo a maior parte do eleitorado. Essas desigualdades se aprofundam quando debatemos a intersecção entre gênero, raça e classe social.
Esses números não falam apenas de justiça, mas também de progresso. Para que um país seja desenvolvido, de fato, é preciso garantir igualdade de oportunidades e condições de vida digna às mulheres, sobretudo às mulheres negras e periféricas.
Esse é um chamado para reflexão, engajamento e mobilização em torno dos nossos direitos e lutas, ainda tão caros à sociedade brasileira. Avancemos!
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