Todos sabemos que existem vários navios de carga transportando diferentes lotes por todo o mundo, como caixas de alimentos, químicos, sacarias, veículos, minérios, petróleo e etc. Esse translado é vital para a movimentação da economia mundial, porém, o transporte marítimo traz um grande impacto para todo ecossistema, o despejo irregular da água de lastro.
Navios cargueiros são embarcações de grande porte, logo, precisam de grande estabilidade. Para manter a segurança das embarcações em viagens com nenhuma ou pouca carga, utilizam-se de pesos líquidos nos tanques dos porões do navio, pesos esses chamados de água de lastro coletada de forma inversamente proporcional a falta de conteúdo do navio, ou seja, quanto menos carga, mais peso líquido. Com esse peso, as embarcações conseguem uma estabilidade em seu percurso, evitando maiores danos em tempestades e até naufrágios. Geralmente, essa água é angariada de portos ou estuários em localidades distantes de seu destino final.
Ao chegar no litoral, as embarcações precisam estar vazias para receber cargas dos portos locais e ao serem estocadas novas mercadorias esse peso líquido é descartado de forma totalmente irregular. Desse modo, esse despejo exagerado e irregular pode conter grandes porcentagens de materiais tóxicos, resquícios de esgoto, além de carregar uma infinidade de espécies invasores na fauna e flora que consequentemente desequilibrarão o ecossistema local, trazendo diversos problemas de saúde pública e ambiental.
Inevitavelmente, navios despejam sua água em áreas portuárias ou próxima de estuários, áreas altamente vulneráveis aos impactos. Um dos principais problemas do derramamento é justamente a chegada de espécies invasoras, pois, não possuem predadores naturais, logo irão se reproduzir rapidamente, competir com espécies nativas e desestabilizar toda a biota local, além da grande chance da aparição de doenças até então desconhecidas. Aproximadamente 7 mil espécies diferentes são transportadas por dia em porões de navios.
Porém, esse problema pode ser evitado, mesmo que minimamente, se todas as embarcações se utilizarem de certas medidas. Uma das principais formas de impedir esses impactos é a liberação da água de lastro em alto-mar, uma vez que organismos de hábitos costeiros não sobreviverão em altas profundidades, além da possibilidade do uso de filtros, aplicação dos biocidas e tratamento elétrico antes da estocagem da água nos porões.
Em estudos e pesquisas realizadas em 2001, a ANVISA detectou que em 71% das amostras de água de lastro pegas de cinco embarcações atracadas nos portos do Brasil havia bactérias marinhas, inclusive a presença de bacilos do Vibrio cholerae (bactéria causadora da cólera). Desde então, Ministério da Saúde, Ministério do Meio Ambiente, Fundação Nacional de Saúde, Organização Marítima Internacional, Organização Mundial da Saúde, ANVISA e outros órgãos estudam diretamente este tema e seu âmbito. Em outros estudos foram detectados enterococos intestinais e Escherichia coli (bactéria causadora de doenças intestinais).
Logo, a implementação de vistorias, criação de leis e conscientização de grandes empresas é crucial para a instabilidade ambiental e da saúde pública mundial.
** É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita. O Jornal 140 não se responsabiliza pela opinião dos autores deste coletivo.