No último dia 9 de Julho o Fluminense bateu o Ceará por 2 a 1 em partida válida pelo Campeonato Brasileiro.
Mas o jogo em si ficou em segundo plano, pois o que o torcedor tricolor tinha em mente era dizer adeus ao maior ídolo de seu clube: o artilheiro Fred.
O gol mais rápido da história
Famosa por ser o grande celeiro de revelações do futebol brasileiro, a Copa São Paulo de Futebol Júnior foi quem deu a primeira amostra de um centroavante que dominaria a grande área dos gramados brasileiros como poucos de sua geração.
América-MG e Vila Nova-GO entravam em campo em uma partida que prometia não ter muitos holofotes, mas um jovem atacante chamado Fred tratou de garantir todas as manchetes do país, e até mesmo algumas pelo mundo, ao fazer o até então gol mais rápido da história do esporte, ao no rolar da bola chutar dali mesmo do meio de campo, surpreendendo o goleiro Silva, que apenas viu a bola morrer no fundo das redes aos 3,17 segundos de partida.
A partida terminou em chocolate do Vila Nova, em tranquila vitória por 5 a 1, mas tal fato sequer é lembrado, ao contrário do histórico golaço de Fred, que o projetou em âmbito nacional.
Do Cruzeiro para o Lyon
Os bons desempenhos de Fred pelo Coelho o levaram para o fortíssimo time do Cruzeiro, que acabara de conquistar a rara tríplice coroa no ano anterior de 2003.
Com média de quase 1 gol por partida, Fred logo conquistou o olhar dos times europeus, acertando sua transferência pro então time dominante do campeonato francês, o Lyon.
Ali, ao lado do maior ídolo daquele clube, Juninho Pernambucano, Fred conquistou títulos, marcando muitos gols, sendo convocado ainda jovem para sua primeira Copa do Mundo, na Alemanha em 2006.
Após alguns anos e uma saudável disputa de posição com um jovem promissor chamado Karim Benzema, em 2008 Fred decidiu dar uma grande guinada em sua carreira, retornando para o futebol brasileiro, aonde iniciaria sua trajetória naquele clube que para sempre ele será lembrado.
Missão impossível e muitos títulos: Fred pelo Fluminense
Atual vice campeão da Libertadores, o Fluminense gozava de grande prestígio quando repatriou Fred em 2009. E apesar do início empolgante, o artilheiro se lesionou, ficando fora dos gramados por longos meses. Naquele período o Fluminense passou por maus bocados, chegando a ter 99% de chance de rebaixamento já no segundo turno.
Faltando 10 jogos para o fim do campeonato, Fred retornou, e foi o protagonista do time que realizou uma missão impossível. O time das Laranjeiras contrariou a matemática, escapando de forma heroica do rebaixamento dado como certo. Era o início daquilo que o tornaria o maior ídolo da história daquele clube.
Após a superação daquele ano difícil, Fred fez parte de esquadrão histórico do Tricolor das Laranjeiras, sendo o principal jogador e artilheiro do time que conquistou os Campeonatos Brasileiros de 2010 e 2012, tendo ao seu lado outros craques como Dario Conca e Thiago Neves.
Era o ápice da carreira de Fred, que o levou a titularidade e a camisa 9 da Seleção Brasileira.
Lá vem eles de novo…
Fred já tinha vestido a camisa Canarinho anteriormente, chegando até a fazer gol em Copa do Mundo ainda em seu início de carreira, no longínquo 2006. Mas naquela época era apenas um reserva de uma seleção com nomes estrelados, com o fantástico Quadrado Mágico formado por Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Adriano e Ronaldo Fenômeno.
Mas foi como destaque do Fluminense que Fred assumiu protagonismo na Seleção, sendo titular na conquista da Copa das Confederações de 2013, onde dividiu artilharia com o espanhol Fernando Torres.
Na Copa do Mundo de 2014, na qual o Brasil era país anfitrião, acabou sendo injustamente estigmatizado e foi um dos jogadores mais criticados ao longo do torneio, participando da maior derrota da história da Seleção Brasileira, o 7 a 1 para a Alemanha que ficou conhecido como o Mineiraço.
Aquela Copa do Mundo acabou por ser um melancólico adeus de Fred a seleção nacional.
O adeus como o maior ídolo de seu clube
Fred ainda chegou a voltar ao futebol mineiro, aonde defendeu em sequência os rivais Atlético-MG e Cruzeiro (pela segunda vez), mas a história queria que fosse no Fluminense que encerrasse sua trajetória vitoriosa nos gramados.
Fred pendurou as chuteiras com mais de 400 gols marcados, sendo 199 deles pelo Fluminense, clube do qual é o segundo maior artilheiro da história.
Além disso, é o maior artilheiro da história da Copa do Brasil, e o segundo maior do Brasileirão (sendo o maior na Era dos pontos corridos). O rival Botafogo foi sua maior vítima, com 14 gols ao longo de muitos clássicos vovô.
Enquanto os torcedores mais jovens de Botafogo, Flamengo e Vasco tem os maiores ídolos de seus clubes apenas como ecos de um passado distante, o torcedor tricolor pode se vangloriar de ter visto o seu em atuação durante a última década. Mas certamente a passagem do tempo irá engrandecer e ainda mais saudoso irá soar o cântico: “O Fred vai te pegar”.
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