O co-fundador do Jornal 140, Rafael Sartori, me lembra a importância de nos manifestarmos sobre a “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito!”, produzida pela Faculdade de Direito da Universidade de S. Paulo. Minha primeira reação: peraí, todo mundo sabe que o Jornal 140 é apartidário, nunca nos manifestamos ou defendemos qualquer tipo de bandeira política ou ideológica.
Na minha juventude fui militante trotskysta, do movimento Liberdade e Luta (Libelu), depois fui para o centro. Desiludido, abandonei a esquerda, me tornei anarquista, depois conservador. Todo mundo sabe, está escrito aqui, que convivi ao lado do filósofo Olavo de Carvalho por dois anos, quando me libertei do brain washing ideológico. Depois o Olavo se bandeou para o lado do Bolsonaro. Lembro que o principal argumento dele foi: “o brasileiro não tem o direito de ir e vir. Só o fato do Bolsonaro tentar resolver esta questão, já me credibiliza de eu apoia-lo”. Olavo errou: o brasileiro continua refém dos bandidos e do PCC no país, preso atrás das grades de suas casas e apartamentos – nada mudou, tudo piorou.
Me considero um “Ex”: um ex-esquerdista, ex-centrista, ex-anarquista, ex-conservador. Não consigo me identificar com nenhuma corrente política ou candidato: o meu perfil ideal seria alguém liberal em costumes e conservador em economia, com viés de inovação e sustentabilidade. Não existe, infelizmente. Mas estes são os meus incômodos, de alguém que não conhece, não entende de política.
Concordo com o Sartori. O Jornal 140 precisa de manifestar. Assinar a “Carta” significa apoiar um movimento pela democracia. Significa dizer que as urnas eletrônicas são sim confiáveis.
Vou além. Este é um recado direto tanto para o capitão Bolsonaro quanto para o Lula, ambos sempre tropeçando no vernáculo e torturando ideias ao seu bel capricho no momento do palanque ou na zona do gargarejo (quando os repórteres se juntam e pescam algum tipo de declaração fora de contexto).
Por isso, aqui estamos nós. O Jornal 140 é a favor de assinar qualquer tipo de documento que apoie o voto pelas urnas eletrônicas, o que significa em última instância, o apoio inconteste pela democracia.
“A democracia é a pior forma de governo, à exceção de todas as demais”, como disse Wiston Churchill. A democracia, principalmente a brasileira, combina toda a sorte de demagogos, falsários, malandros e gente do bem. É falha e incongruente. Mas ainda é a melhor entre as piores.
Ricardo Braga, fundador do Jornal 140
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